O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, surpreendeu ao sugerir pela primeira vez a possibilidade de ceder territórios ocupados pela Rússia em troca de um cessar-fogo e da adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A declaração foi feita durante uma entrevista ao portal britânico Sky News na última sexta-feira (29).
De acordo com Zelensky, a Ucrânia estaria disposta a negociar a cessão temporária das áreas atualmente sob controle russo caso essas regiões sejam protegidas por garantias da Otan. O presidente enfatizou que tal medida seria um passo estratégico para cessar os combates e permitir a recuperação territorial por meios diplomáticos no futuro.
A proposta surge em um momento de discussões sobre um plano de paz liderado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Esse plano, ainda especulativo, incluiria a cessão de cerca de 20% do território ucraniano atualmente ocupado pela Rússia, em troca da adesão de Kiev à Otan e a garantia de segurança territorial para as demais áreas do país.
“Precisamos proteger nossa soberania e, ao mesmo tempo, abrir espaço para um diálogo que encerre a violência e os ataques ao nosso povo”, afirmou Zelensky, destacando a urgência de uma solução negociada.
A proposta de Zelensky gerou reações mistas na comunidade internacional. Enquanto aliados ocidentais veem a possibilidade de um cessar-fogo como um avanço, críticos alertam que ceder territórios à Rússia pode criar precedentes perigosos e enfraquecer a soberania ucraniana.
Na Rússia, o Kremlin ainda não emitiu uma declaração oficial, mas analistas indicam que a proposta pode ser vista como um reconhecimento tácito da ocupação russa, algo que Moscou busca consolidar desde o início do conflito.
Com a guerra se aproximando de dois anos de duração, a declaração de Zelensky abre um novo capítulo nas negociações de paz e traz à tona a difícil realidade enfrentada pela Ucrânia para equilibrar sua integridade territorial com o desejo de alcançar estabilidade e segurança para sua população.