Mirando as próximas corridas eleitorais, o MDB segue fazendo arrumações internas. Na última semana, o vereador Zé Márcio (MDB) se tornou líder do partido na Câmara Municipal a pedido do senador Renan Calheiros presidente da legenda em Alagoas e do deputado estadual Dr. Wanderley, que se tornou presidente da sigla na capital.
À Tribuna, o parlamentar garante que o principal objetivo desta articulação no Legislativo é organizar uma estratégia para montar uma competitiva para eleição do próximo ano e fazer um enfrentamento à candidatura do prefeito JHC (PL), que disputa à reeleição com uma grande vantagem até o momento, de acordo com pesquisas eleitorais que têm sido divulgadas nos últimos meses.
“Me pediram que nesse momento de transição no diretório municipal [MDB Maceió], eu assumisse essa liderança de forma transitória. Não sei quanto tempo vou ficar, mas a gente deve fazer uma alternância, ver os que estão mais alinhados com o projeto do governo. A gente está conversando com a bancada, o pessoal está decidindo em que lado vai ficar. Enquanto decide essa questão a gente está com a missão de liderar o partido na Câmara. Mais importante do que isso, eu não vim para o MDB para ser líder de partido, vim coordenar uma chapa proporcional para a eleição municipal”, explica o vereador.
O que ele chama de transição, na verdade é o constrangimento que o partido vive por se colocar como oposição e ter nos quadros do partido o líder do prefeito, o vereador Chico Filho e o presidente da casa Galba Netto. “O partido é oposição ao prefeito JHC, e o prefeito JHC é oposição ao Governo do Estado. Automaticamente, esse freio de arrumação foi necessário para que o partido a partir de agora tomasse uma posição. As pessoas estavam cobrando, os eleitores estavam cobrando, queriam entender como o MDB é oposição ao prefeito e os vereadores estão do outro lado. Existe uma cobrança natural”.
Afirmando que não vai se envolver nessa questão, ele opina. “Essa parte é da direção municipal e estadual, eu sou apenas líder do partido na Câmara. Eu acredito que esses vereadores que têm uma tendência pró-JHC, até março vão tomar uma decisão se ficam ou não no partido. É uma questão eleitoral. Não acredito que o Chico Filho vá deixar de ser líder do governo. Não acredito que o Galba não vá acompanhar o JHC. Então, naturalmente se eles entenderem que vão acompanhar o prefeito, não vão ficar no MDB. É uma opinião pessoal”.
O novo líder reforça que não tem governabilidade sobre o assunto. “A gente não pode obrigar. O mandato do vereador, [assim como o do deputado estadual e do deputado federal] é do vereador. Por mais que o partido tenha formas de cobrar isso, eu acredito, pelo que tenho ouvido falar, que vão dialogar sobre isso, o partido vai cobrar posição. Agora, se o filiado, os vereadores vão acompanhar eu não posso lhe dizer”.
Focando na questão da chapa proporcional ele faz uma análise sobre o cenário atual na casa. “Hoje o prefeito deve ter aí na faixa de 18 vereadores com ele, e tendo a oposição sete, no máximo. O que acontece? Na minha opinião, pela minha experiência parlamentar por dois mandatos e um mandato do meu pai, eu acredito que com a aproximação no período eleitoral, eles vão precisar procurar lugares para se eleger. Então o barco do prefeito é um barco que está muito cheio e vai ter gente que vai pular pela janela, é natural”.
Ele relata ter acompanhado isso em gestões anteriores. “Aconteceu na época do Rui [Palmeira, ex-prefeito], aconteceu na época do [Cícero, ex-prefeito] Almeida. Então existe uma disputa eleitoral entre o prefeito e o Estado. Alguns vão olhar ‘tem 18 aqui, lá tem sete. É mais fácil me eleger aqui no sete, ou nos 18?’ porque com certeza no barco do prefeito vai ficar vereador sem mandato”.
As articulações já começaram. Eles têm dialogado primeiramente com a prata da casa. “Na verdade, a gente tem conversado com o vereador Kelman Vieira que é o secretário da Seprev. A ideia é que a gente monte uma chapa forte. E tem conversado com outros vereadores do próprio MDB como Fernando Hollanda, Olívia Tenório, Luciano Marinho e Brivaldo Marques, conversado com eles mostrando a importância de o MDB ter uma chapa forte que possa disputar a eleição”.
Na verdade, ele explica que o plano é manter o número de parlamentares que já tem atualmente e fortalecer a disputa da prefeitura, mas o pleito do ano que vem deve ser mais para dar visibilidade ao partido para as eleições seguintes.
“Então a nossa missão inicial é primeiro defender as ações do MDB na capital. O governo do senador e ministro Renan foi muito presente na capital Maceió, e o governo Paulo Dantas também é muito presente na capital. A gente tem a missão de defender essas pautas e bandeiras do governo”.
Enumerando as benfeitorias das gestões estaduais do MDB para a capital, ele promete defender o legado. “O governador construiu diversas UPAs aqui, diversos hospitais de Maceió. Tem feito grandes intervenções com o Vida Nova nas Grotas. Ações do projeto da creche cria”.
E associa isso ao que ele vê como deficiência na gestão de JHC. “Hoje a saúde de Maceió só não colapsou por conta das UPAs. Então você tem uma dor de cabeça, você sai do Jacintinho e ao invés de ir para o posto de saúde vai para a UPA de Jaraguá”.
NOMES
Para a majoritária, o partido já tem 3 pré-candidatos, segundo Zé Márcio. “Dr. Wanderley é nome muito bom, muito conceituado. Já foi candidato a prefeito de Maceió e foi bem votado. Tem também o nome do Rafael Brito, deputado federal. Ele foi secretário de educação e tem uma história também no MDB. E o próprio Alexandre [Ayres] que foi um grande secretário de saúde, realizou grandes obras, especificamente em Maceió, fez 5 UPAs, vários hospitais. E na época da pandemia tudo ficou muito enérgico, muito fui positiva principalmente em Maceió. E acho que é um grande nome também pode ser colocado aí na prateleira para disputar a eleição”.
Ele assegura que o caminho é esse. “Eu tenho certeza hoje que um desses três será o nome a prefeito, não vejo hoje outro nome fora esses aí, eles despontam como favoritos”.
Mas ele explica que isso é uma discussão coletiva. “Eu acho que ninguém é candidato de si mesmo, tanto Rafael, quanto Alexandre e o próprio Dr. Wanderley, eles não se declaram candidatos. Mas aceitaram a missão. O Alexandre tem trazido sempre um debate de enfrentamento ao prefeito mostrando o que está errado, o Rafael do mesmo jeito tem feito um trabalho na Câmara Federal e feito críticas pontuais à gestão do prefeito JHC. Acredito que os três estão nessa expectativa para que na hora o partido decida o melhor nome e a gente possa unir forças para ter o novo prefeito de Maceió”.
Fonte – Tribuna Hoje