Localizado no Sertão Alagoano, o município de Major Izidoro preserva suas tradições, inclusive na maneira pitoresca de fazer uma política efervescente, marcada por disputas acirradas com nomes de famílias igualmente tradicionais. Neste ano eleitoral, por conta das incertezas no calendário provocadas pela pandemia de coronavírus, o clima na cidade começou a esquentar somente agora e literalmente. Na última terça-feira à tarde um grupo de vereadores que faz oposição à prefeita Santana Mariano (MDB) destituiu das funções o presidente da Câmara Municipal e apoiador da gestora, vereador Salvio Alexandre da Silva, conhecido como
“Chaveiro do Gado”.
O vereador destituído garante que o objetivo do grupo, autodenominado G7, é tentar afastar a prefeita do cargo. “O grupo quer usar a presidência da Câmara para benefício próprio, uma vez que o chefe é pré-candidato a prefeito”, afirmou Chaveiro. O vereador já constituiu advogado e tenta na Justiça conseguir um mandado de segurança para garantir seu retorno ao comando do Legislativo.
“Na verdade, o meu afastamento sem nenhum motivo e totalmente ilegal, tem um objetivo claro que é atingir a prefeita Santana Mariano porque eles [vereadores de oposição] sabem que numa eleição normal não têm a menor chance de derrotar o candidato da prefeita. Então, com um presidente [da Câmara] do lado deles, a ideia é tentar afastar a prefeita do cargo pra facilitar a eleição, uma vez que o atual vice-prefeito [Leopoldo Amaral] também faz parte desse grupo político como pré-candidato a vice-prefeito. Havendo isso, ele assumiria o cargo
num suposto afastamento da prefeita”.
Santana Mariano considerou a ação dos vereadores da oposição arbitrária e imoral. No dia do ocorrido, a prefeita gravou um vídeo se solidarizando com o vereador Chaveiro e denunciando a ilegalidade do ato. Segundo a prefeita, o grupo de vereadores do G7, que seria encabeçado por Teobaldo Cintra, infringiu a Lei Orgânica do município e o próprio Regimento Interno da Câmara ao realizar uma sessão sem obediência às normas e votar a destituição de Chaveiro. “Absolutamente, o ato cometido não é justo nem legal e a Lei terá de prevalecer nesse caso”, disse.
No vídeo, a prefeita se dirigiu à população de Major e pediu que o povo “refletisse sobre o que os vereadores fizeram”. Ela encerrou a gravação deixando como questionamento uma pergunta: “O que eles vão fazer se chegarem à Prefeitura?”. O grupo de oposição ao qual a prefeita faz referência é formado pelos vereadores Teobaldo Cintra, Russor Vitorino, José Morais de Miranda, Manoel Francisco Neto, Marcondes Ramiro, Jivanildo Ramos de Lima e Divânia Alves. A Câmara Municipal de Major Izidoro é composta por 11 vereadores.
O EXTRA tentou fazer contato com os vereadores do G7 e chegou a falar com Marcondes Ramiro para ouvir a versão do grupo, mas o vereador só se prontificou a dar entrevista de forma presencial. A exigência inviabilizou a matéria, já que a direção do jornal adotou desde março o trabalho remoto para evitar o contágio pelo coronavírus, como recomendam as autoridades sanitárias.
Chaveiro do Gado explicou que a “manobra” da oposição para destituí-lo do cargo teria começado quando ele recebeu a solicitação para realizar uma sessão extraordinária, já que a Câmara está em recesso regimental, sem citar a pauta a ser discutida como exige o regimento. Antes que o pedido percorresse as comissões da Casa, fosse apreciado em plenário e a data da reunião extraordinária fosse marcada, o grupo do G7 invadiu a Câmara e “fez a sessão com o aval do vice-presidente, José Morais de Miranda, para destituí-lo”. O G7 também teria usado de truculência e obrigado funcionários a abrirem o prédio da Câmara.
Fonte – Extra