Em vez de carteiras e cadernos, durante duas semanas de abril, um item se torna protagonista nas escolas públicas brasileiras: a caderneta de vacinação. Entre os dias 14 e 25, instituições de ensino em todo o país abrirão suas portas para uma verdadeira força-tarefa de saúde pública. O objetivo é claro: garantir que crianças e adolescentes estejam com as vacinas em dia, reforçando a proteção contra doenças preveníveis e facilitando o acesso à imunização.
Essa ação faz parte do Programa Saúde na Escola (PSE), parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação. A mobilização deste ano marca a maior adesão já registrada desde a criação do programa, em 2007. São 5.544 municípios envolvidos e quase 28 milhões de estudantes atendidos em mais de 109 mil escolas públicas — 80% da rede nacional.
Em Alagoas, a participação é total: todos os 102 municípios aderiram, alcançando 736,5 mil estudantes em 2.228 instituições de ensino.
Mais perto do braço do aluno
Levar as vacinas para dentro das escolas é uma forma de encurtar distâncias e vencer barreiras comuns à rotina familiar. “A escola representa uma grande oportunidade para vacinarmos esse público. Estamos falando de crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos — uma faixa etária que, muitas vezes, frequenta menos as unidades básicas de saúde”, pontuou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “Aproveitar o espaço escolar para realizar a vacinação e promover a campanha é fundamental.”
As equipes do SUS são as responsáveis por aplicar as doses diretamente nas escolas ou, em alguns casos, acompanhar os estudantes até uma Unidade Básica de Saúde. A vacinação será feita com autorização dos pais ou responsáveis, que também receberão orientações caso alguma vacina esteja pendente.
Entre os imunizantes disponibilizados estão as vacinas contra febre amarela, HPV, meningite meningocócica ACWY, DTP (tríplice bacteriana) e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). A meta nacional é atingir pelo menos 90% de cobertura vacinal entre os alunos com menos de 15 anos.
Investimento, monitoramento e impacto real
Para viabilizar a logística da vacinação escolar, o Ministério da Saúde destinou R$ 150 milhões aos entes federativos — sendo R$ 589,4 mil para o estado de Alagoas e R$ 2,2 milhões diretamente aos municípios alagoanos. A partir deste ano, toda vacina aplicada nesse contexto será registrada sob a nova categoria “Vacinação Escolar”, permitindo um acompanhamento mais preciso e eficaz dos resultados.
A iniciativa não é isolada: faz parte de uma ampliação do Programa Saúde na Escola, que desde 2022 já levou ações de promoção da saúde para 4,3 milhões de alunos. As escolas participantes também refletem um forte viés de inclusão social — mais da metade tem maioria de estudantes do Bolsa Família, e outras estão situadas em comunidades indígenas e quilombolas.
Tecnologia a favor da infância: Caderneta Digital chega aos celulares
Como parte das novidades, o Ministério da Saúde também lançou a versão digital da Caderneta de Saúde da Criança, integrada ao aplicativo Meu SUS Digital. Agora, os pais poderão acompanhar o histórico de vacinas, receber alertas para próximas doses e acessar orientações de cuidado direto pelo celular.
“São duas novidades que vêm com a caderneta digital, duas grandes vantagens para os pais”, explicou Padilha. “A primeira é o simples fato de ela existir: aquela situação em que o pai ou a mãe chega à unidade de saúde ou à escola e esquece a caderneta física, agora está resolvida. A outra é que a caderneta digital terá mensagens ativas, ou seja, vai enviar alertas para o responsável informando que chegou a hora de vacinar ou de tomar uma dose de reforço.”
Além do calendário vacinal, o aplicativo traz uma área educativa, com conteúdos sobre amamentação, alimentação, prevenção de acidentes e outros aspectos essenciais para o desenvolvimento infantil.
Com foco em prevenção, informação e acessibilidade, o Brasil transforma a escola em ponto de cuidado — e dá mais um passo na construção de um futuro mais saudável para suas crianças e adolescentes.