Candidato ao Senado em 2026, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP) acelera o uso da máquina pública federal para eleger parentes em prefeituras. E isso obriga o governador Paulo Dantas (MDB) a incrementar, nas últimas semanas, a agenda da administração para morder os calcanhares de Lira e do prefeito de Maceió JHC (PL). Até então, Lira estava solto e estimulando indicados seus na era Jair Bolsonaro (PL) – e mantidos sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – a seguirem em campanha por prefeituras, mas escondendo Lula no palanque:
- César Lira é superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Alagoas. Primo do deputado, é cotado para suceder Fernando Sérgio Lira, também primo do parlamentar, na Prefeitura de Maragogi, cujo opositor é Marcos Madeira, apoiado por Dantas e pelo senador Renan Calheiros (MDB);
- Joãozinho Pereira, superintendente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e também primo de Lira, é candidato a prefeito de Teotônio Vilela, hoje administrada por Pedro Henrique Pereira, que disputa a reeleição também com apoio da dupla Dantas & Calheiros;
- Arlindo Garrote, coordenador do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) se mexe para eleger a mãe, a suplente de deputada Ângela Garrote (PP), prefeita de Estrela de Alagoas. Em reação, Calheiros, Dantas e o prefeito de Palmeira dos Índios Júlio Cezar (MDB) apoiam Roberto Wanderley, irmão do deputado estadual José Wanderley Neto (MDB), para a disputa. Roberto, inclusive, foi lançado esta semana por Cezar, em evento do Governo em Palmeira.
- Gilberto Gonçalves, prefeito de Rio Largo, faz campanha explícita pelo sobrinho (postiço) Carlos Gonçalves, já que GG não pode disputar as eleições pela terceira vez. Como reação, o suplente de Calheiros e empresário Rafael Tenório busca se viabilizar no município, com apoio do senador e de Dantas. Sem saída, Paulo Dantas se engajou na antecipação da campanha eleitoral como se ele mesmo fosse disputar uma vaga de prefeito ou vereador.
Em Maceió vai atraindo antigos amigos do prefeito JHC, hoje rivais da administração municipal. Com estes novos personagens no palanque, os petardos direcionados ao prefeito são garantidos. Como na Grota do Mucambo, no bairro do Benedito Bentes. Lideranças comunitárias e religiosas lançavam acusações contra Jota. Zé do Boi, da Liga do Boi, também líder da Grota do Canal 5, no bairro do Jacintinho, disse que o prefeito trocou o apoio aos movimentos populares por shows de cachês milionários. “Deixa o filho dos outros todo embonecado e o seu desfila descalço”, disse.
“Três anos de gestão mudaram quatro vezes de secretário”, referindo-se à área cultural. A Liga do Boi apresenta o festival do Bumba Meu Boi há 30 anos. Neste ano, a gestão Jota negou apoio financeiro. Zé do Boi foi para os meios de comunicação, a Prefeitura chamou para conversar e ofereceu metade do valor pedido para as apresentações. “50% antes e 50% depois que ele sobe com uma garrafa de cachaça para cantar”, disse, sobre a apresentação do cantor Gusttavo Lima, cujo cachê pago pela Prefeitura totalizou R$ 980 mil.
Paulo Dantas chamou a Liga do Boi para conversar, ofereceu apoio e suporte midiático. Ganhou o apoio de Zé do Boi para o candidato do MDB na disputa pela Prefeitura de Maceió, o deputado federal Rafael Brito, mais votos da grota do Canal 5. A contrapartida palaciana é barata e virou compromisso da primeira-dama Marina Dantas: a construção de um espaço de lazer na grota.
Fonte – Extra