No futebol há um princípio bem simples: quando um time tem um jogador com talento acima do normal —em especial um goleador—, é comum o técnico pensar em duas opções: afinar a equipe para jogar em conjunto ou orientá-la a jogar em função dele e para ele. O esporte trazido ao Brasil por Charles Miller está cheio dos dois exemplos, mas o segundo é mais emblemático, porque dá protagonismo ao talento em detrimento do conjunto, o que pode gerar insatisfação e acender a fogueira das vaidades nos demais jogadores.
Na política não é diferente. Geralmente um prefeito —vou me ater ao Poder Executivo municipal— escala seus secretários para jogar em conjunto. É certo que por trás de cada indicação há a figura do ‘empresário’, representado aqui pelas alianças políticas que forçam o gestor, em nome do futuro da carreira, atender ao pedido e escalar seus titulares.
No caso da Prefeitura da capital alagoana, o prefeito João Henrique Caldas —o JHC (PSB)— arregimentou um grupo de jogadores que mistura interesses ‘empresariais’ com escolhas pessoais e pôs o Maceió Esporte Clube em campo. Entre os nomes do elenco, está o da ex-deputada estadual Jó Pereira, que vai vestir a camisa da Educação —uma das mais prestigiadas posições do time —senão a mais.
Jó solidificou seu nome com um trabalho coerente, comprometido e muito honesto quando esteve na Assembleia Legislativa de Alagoas. Inteligente como poucos, a ex-parlamentar se destacou com facilidade perante seus pares. Na seara esportiva, seria uma espécie de Messi brasileiro: discreta, mas firme; combativa, mas ponderada.
Agora, tem a missão de mostrar todo o seu talento e marcar gol em favor da educação de milhares de estudantes maceioenses. Resta saber se o técnico JHC vai querer que o time jogue em conjunto ou em função dela. Ao treinador, cabe a decisão de ofuscar o artilheiro ou comemorar os gols junto com ele. O jogo começou. Aguardemos, portanto, o final da partida.