Uma investigação da Polícia Civil do Amazonas revelou um esquema chocante de tráfico de drogas operado dentro da própria Força Aérea Brasileira (FAB). Três militares foram presos nesta quinta-feira, 6, acusados de facilitar o transporte de entorpecentes em aviões da FAB. Além deles, dois civis envolvidos no esquema também foram detidos durante a operação Queda do Céu, realizada em São Gabriel da Cachoeira, município amazonense na fronteira com a Venezuela, uma das áreas mais disputadas pelo narcotráfico.
O esquema dentro da FAB
As aeronaves da FAB, utilizadas para transportar gratuitamente passageiros em voos de missão quando há assentos disponíveis, estavam sendo exploradas para o tráfico. A investigação revelou que mulheres grávidas eram aliciadas como “mulas” para levar a droga escondida no corpo ou em bagagens, contando com o apoio direto dos militares para embarcar sem suspeitas.
O grupo criminoso operava com divisão de tarefas bem estabelecida:
- Um dos envolvidos financiava a compra da droga;
- Outro era responsável por recrutar as “mulas” e garantir a chegada da carga ilícita às aeronaves;
- Os três militares presos davam cobertura para o embarque e o transporte das drogas até Manaus, principal destino da operação.
A delegada Grace Jardim, responsável pelo caso, afirmou que as investigações começaram após a apreensão de 342 quilos de maconha tipo skunk em 2024. “Constatamos que o transporte das drogas estava sendo feito por meio dos voos da Força Aérea Brasileira e teria a participação de três jovens militares da FAB, de 22, 23 e 26 anos respectivamente”, disse a policial.
A ação criminosa foi descoberta com a interceptação de um carregamento que chegou a Manaus no dia 2 de junho de 2024, vindo do aeroporto militar de São Gabriel da Cachoeira. As prisões aconteceram na mesma cidade, sendo que um dos militares foi autuado em flagrante, pois portava drogas no momento da abordagem.
Força Aérea se posiciona
A Força Aérea Brasileira, em nota, afirmou que acompanha o caso e colabora com as investigações. “O Comando da Aeronáutica reitera que não compactua com condutas que não estão de acordo com os valores, a dedicação e o trabalho efetivo em prol do cumprimento de sua missão constitucional”, declarou a instituição.
Milionário do tráfico e a “lavagem” de dinheiro
Entre os civis presos, um dos suspeitos se destacava pelo alto volume de dinheiro movimentado no esquema. Segundo as investigações, o homem de 42 anos declarava uma renda de apenas R$ 1 mil por mês, mas, na realidade, faturava milhões com o tráfico. Para disfarçar os lucros ilícitos, ele mantinha negócios de fachada, como uma empresa de locação de veículos.
No cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a polícia encontrou três carros, quatro motos, armas e munições na residência do suspeito, além de diversos pássaros em cativeiro, o que resultou em autuações por crime ambiental e porte ilegal de arma de fogo.
Os crimes e as punições
Os militares da FAB responderão por tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa. Já o financiador do esquema enfrentará as mesmas acusações, além de financiamento do tráfico, crime ambiental e porte ilegal de armas. O responsável por recrutar as “mulas” também responderá pelos crimes de tráfico, associação para o tráfico e organização criminosa.
O caso expõe um dos maiores escândalos recentes dentro das Forças Armadas, mostrando como o crime organizado se infiltra até mesmo nas estruturas de segurança do país. As investigações continuam, e novas prisões podem ocorrer.