O ex-presidente Jair Bolsonaro negou, nesta segunda-feira (21), qualquer envolvimento ou conhecimento prévio sobre o suposto plano golpista que, segundo a Polícia Federal, previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A operação teria sido batizada de “Punhal Verde e Amarelo”.
Internado em um hospital de Brasília desde o dia 13 de abril, após passar por uma cirurgia no intestino delgado, Bolsonaro concedeu sua primeira entrevista pós-operatória ao SBT. Na conversa, afirmou que soube do plano apenas por meio da imprensa, após o vazamento das investigações.
“Tomei conhecimento com o vazamento da PF junto com a imprensa brasileira”, declarou o ex-presidente, em referência ao relatório policial que revelou o plano de atentado contra autoridades.
Ainda durante a entrevista, Bolsonaro rebateu as acusações feitas pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que o aponta como conhecedor e apoiador de articulações para um golpe de Estado. A Polícia Federal sustenta que identificou o plano em novembro de 2023, no âmbito da Operação Contragolpe, e cita como evidência um documento apreendido com o general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência no governo Bolsonaro.
‘Minuta do Golpe’
Bolsonaro também negou qualquer participação na elaboração da chamada “minuta do golpe”, que propunha a decretação de estado de defesa como estratégia para reverter o resultado das eleições de 2022. Para ele, as acusações têm caráter político e carecem de base jurídica sólida.
“Como é que eu posso deteriorar um patrimônio se estava fora do Brasil? A outra questão também é dano qualificado contra o patrimônio da União, ou seja, é a mesma coisa, uma repetição. Que dano é esse que eu participei? Você não tem uma só ligação com quem quer que seja aqui no Brasil”, afirmou.
Em tom irônico, acrescentou: “E outro exemplo idêntico: golpe de Estado. Uma brincadeira. Golpe de Estado sem liderança, sem tropa, sem armas, em um domingo.”
Possibilidade de prisão
Questionado sobre a chance de ser preso, Bolsonaro foi direto: “Não tenho preocupação nenhuma, zero.”
Cenário eleitoral
Embora esteja atualmente inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente disse que pretende registrar sua candidatura à Presidência em 2026 até o último momento possível. Demonstrou ainda otimismo quanto a uma possível mudança em sua situação jurídica.
“O perfil do TSE muda”, afirmou, sugerindo que futuras composições do tribunal possam ser mais favoráveis a ele.