Para aqueles que esperavam um “refresco” do calor intenso dos últimos meses em Alagoas com a chegada das “águas de março”, a previsão não é animadora.
Segundo Bárbara Alves, meteorologista da Sala de Alerta da Superintendência de Prevenção em Desastres Naturais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SPDEN/Semarh), os modelos meteorológicos continuam indicando temperaturas do ar acima da média em todas as regiões durante os meses de março, abril e maio.
Alves, explicou as razões da onda de calor, falou sobre os fenômenos climáticos registrados no estado nos últimos dias e sobre as previsões do tempo para a quadra chuvosa.
“Nos últimos meses, Alagoas tem enfrentado um aumento de temperatura devido a uma onda de calor. O El Niño é fator que aquece as águas do Oceano Pacífico, que contribui para a formação de uma massa de ar seco e quente, inibindo a formação de nuvens de chuva no Nordeste. As cidades do Agreste, Sertão e do Sertão de São Francisco foram mais afetadas, com temperaturas que atingiram cerca de 38°C, como foi registrado no município de Pão de Açúcar no dia 09 de Fevereiro de 2024. Já nas demais regiões, especialmente no litoral, o oceano Atlântico atua como regulador de temperatura, mantendo a média em torno de 32°C”, detalhou Bárbara.
Segundo ela, apesar desse aumento de temperatura, Alagoas está em uma posição favorável geograficamente, o que significa que sofrerá menos impacto em comparação com outras partes do país.
Chuva x Calor
Já no próximo trimestre, a previsão indica maior probabilidade de chuva na categoria abaixo da faixa normal nas regiões ambientais do Sertão e Sertão do São Francisco do Estado de Alagoas. “Nas demais áreas, as chuvas podem ocorrer dentro da faixa normal climatológica Os modelos seguem indicando valores de temperatura do ar acima da média em todas as regiões ambientais de Alagoas no decorrer do referido trimestre”, reforçou a meteorologista.
Os modelos de previsão climática sinalizam para a continuidade do atual evento El Niño, mantendo seu declínio entre o final do outono e início do inverno do Hemisfério Sul (HS): “Do mesmo modo, os modelos persistem a maior probabilidade de ocorrência de temperatura do ar acima dos valores médios históricos na Região Nordeste como um todo. É importante mencionar a situação de algumas áreas no semiárido nordestino, que podem ter a classificação de seca fraca, moderada e grave ampliada no decorrer dos meses subsequentes, como resultado do declínio climatológico das chuvas”.
Tornado foi algo pontual
Barbara também explicou sobre as tempestades com ventos fortes observadas em Alagoas e disse que elas não são “incomuns” na região.
“Essa tempestade de ventos já tinha ocorrido anteriormente, os ventos fortes são fenômenos meteorológicos que, embora não sejam raros, podem variar em intensidade e frequência. Uma tempestade de vento é um distúrbio na atmosfera resultado de uma baixa pressão que causa instabilidade na atmosfera e suscita eventos de baixa e grande intensidade. Que são causados também por conta da mudança da temperatura”.
O “tufão” (ou tornado) registrado em Estrela de Alagoas e o redemoinho na orla da capital, a especialista explicou que, desde a semana passada, estamos sob efeito de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), sobre o oceano próximo a região Nordeste, o que contribuiu para a instabilidade atmosférica e favoreceu a formação do tornado e redemoinho em Alagoas.
“O tornado que atingiu a zona rural de Estrela de Alagoas foi bem pontual e outras regiões são redemoinhos de vento, causados pela diferença de temperatura. Quanto a ocorrências futuras, é importante monitorar as condições climáticas e estar preparado para qualquer eventualidade. Embora tornados não sejam comuns na região, à mudança brusca do tempo podem trazer surpresas. A prevenção e o acompanhamento das autoridades são essenciais para lidar com esses fenômenos”, finaliza.