O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter as prisões preventivas dos generais Walter Braga Netto e Mário Fernandes, ambos investigados no inquérito relacionado à tentativa de golpe de Estado. Moraes entendeu que os fundamentos que motivaram as prisões permanecem válidos, não havendo alteração no contexto que justifique a concessão de liberdade provisória.
“A defesa, portanto, não apresentou qualquer fato superveniente que pudesse afastar a necessidade de manutenção da custódia cautelar, ante a necessidade de resguardar ordem pública e a instrução processual penal conforme as circunstâncias concretas evidenciadas nos autos”, escreveu o ministro em sua decisão.
Contexto e acusações
Mário Fernandes foi preso no dia 19 de novembro, durante a Operação Contragolpe, sob acusação de liderar o chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa ações violentas contra figuras-chave do governo federal, incluindo o ministro Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Já Walter Braga Netto foi detido em 14 de dezembro, suspeito de obstruir as investigações ao tentar obter informações confidenciais sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid e compartilhá-las com outros envolvidos. Ele também teria coordenado alinhamentos de versões entre aliados para dificultar o avanço do inquérito.
Os dois generais estão entre os 40 indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de organização criminosa, golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Manifestação da defesa e próximas etapas
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se posicionou a favor da manutenção das prisões, destacando a gravidade das acusações e o risco à ordem pública.
Em resposta, José Luis Oliveira Lima, advogado de Braga Netto, afirmou que irá recorrer da decisão. “A decisão do ministro de manter a custódia do general era previsível, apesar de a defesa entender que não há absolutamente nenhuma prova que justifique a sua prisão. Vamos aguardar o julgamento do agravo pela Turma”, declarou o advogado em nota.
Repercussões e desdobramentos
Com a decisão de Moraes, o caso segue com grande atenção no cenário político e jurídico, devido ao envolvimento de figuras de alto escalão e às acusações relacionadas a um plano golpista. O desfecho das investigações e eventuais julgamentos poderá ter implicações significativas para o fortalecimento das instituições democráticas no Brasil.