Mais de um mês após o acidente de ônibus na Serra da Barriga, em União dos Palmares, que resultou em 20 mortos e 28 feridos, familiares das vítimas ainda aguardam respostas sobre as causas da tragédia.
O veículo, pertencente à Prefeitura, transportava passageiros para o evento “Pôr do Sol”, em comemoração ao Dia da Consciência Negra, e ainda permanece no local do acidente, dificultando o avanço da perícia.
O ônibus tombou em uma ribanceira no dia 24 de novembro, após apresentar problemas mecânicos. Testemunhas relataram que o motorista tentou evacuar os passageiros, mas não conseguiu evitar o acidente. Desde então, as investigações enfrentam dificuldades técnicas para a retirada do veículo, que se encontra em uma posição instável, preso à vegetação.
Denúncias e preocupação com preservação de provas
Familiares têm denunciado o atraso na retirada do ônibus e possíveis falhas na preservação do local do acidente. Josefa Pereira, conhecida na cidade como “Joana” é madrinha de Maitê Francine Romão da Silva, de 5 anos, uma das vítimas da tragédia. Joana denunciou em entrevista ao EXTRA que partes do veículo foram alteradas e que “curiosos” têm acessado a área, comprometendo as evidências.
“O local está completamente vulnerável. Eu mesma fiz vídeos quando estive lá. Já houve casos de pessoas tentando acessar o local pelo penhasco, o que é extremamente perigoso. No dia do acidente, o resgate só foi possível com cordas devido à fragilidade do terreno. Uma nova tragédia pode acontecer se alguém tentar isso por conta própria”, alertou Joana.
Além disso, segundo ela, peças do ônibus foram encontradas fora de suas posições originais, reforçando a suspeita de interferências externas.
“No dia do acidente, tudo estava diferente. Agora, há fios soltos perto do radiador, e o tacógrafo foi encontrado afastado, a alguns metros do ônibus. Se não foi a perícia, só podem ser curiosos, e isso destrói as provas”.
O que diz a Perícia Oficial
Em contato com o EXTRA, a Perícia Oficial de Alagoas informou que o andamento do trabalho depende diretamente da retirada do veículo, que está preso apenas pela vegetação em uma área de difícil acesso e com risco de deslizamento, o que inviabiliza a conclusão da perícia, considerada essencial para determinar as causas do acidente.
“Estamos aguardando a remoção do ônibus para realizar a análise interna. Não depende de nós, então, no momento, não temos como informar prazos”, afirmou a assessoria da perícia oficial.
Indignação e falta de transparência
Enquanto aguardam avanços nas investigações, familiares das vítimas expressam indignação com a demora e a falta de transparência.
“Queremos saber de quem era o ônibus, quem contratou e quem pagou. Estamos sendo ignorados. É um desrespeito com quem perdeu seus entes queridos”, desabafou Joana.
O caso segue sem previsão para a conclusão da perícia e do inquérito.
Por Ana Luíza Ambrózio/Jornal Extra Alagoas