O mercado financeiro projeta uma nova alta da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para quarta-feira (29). A expectativa é de que a taxa suba de 12,25% para 13,25% ao ano, marcando a primeira decisão do Copom sob a presidência de Gabriel Galípolo, indicado por Luiz Inácio Lula da Silva.
A previsão de economistas é que os juros continuem subindo nos próximos meses, podendo alcançar 15% ao ano até junho de 2025. Se confirmada, será a maior taxa desde 2006, no final do primeiro mandato de Lula, representando um intervalo de 19 anos.
O aumento da Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. A taxa funciona como referência para o custo de crédito e investimento no país, impactando diretamente a atividade econômica.
Para atingir as metas inflacionárias, o BC utiliza projeções futuras, já que os efeitos das alterações nos juros levam de seis a 18 meses para impactar a economia. Para 2025, 2026 e 2027, as previsões de inflação oficial do mercado superam a meta central de 3%, o que pressiona a instituição a agir.
Entre os fatores que alimentam a inflação, estão:
- Impactos climáticos: Secas que aumentaram os preços de alimentos e energia elétrica.
- Dólar valorizado: Influenciado pelo cenário externo e incertezas fiscais no Brasil.
- Forte atividade econômica: O crescimento da economia e a queda do desemprego pressionaram os preços no setor de serviços.
De acordo com Gustavo Sung, economista da Suno, a inflação deve permanecer acima do teto da meta, refletindo um cenário de alta resiliência econômica e riscos fiscais elevados. A projeção é de que a Selic chegue a 15,25% ao ano em 2024.Claudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos, alerta que a escalada nos juros pode desacelerar a economia, afetando o mercado de trabalho e reduzindo o crescimento econômico.Para Felipe Salles, do C6 Bank, os dados indicam uma piora no cenário desde o final de 2024, com aumentos nas projeções de inflação e taxa de câmbio, além de riscos fiscais crescentes.
A decisão de subir os juros coloca o Banco Central em uma posição de tentar reancorar as expectativas de inflação, enquanto lida com os impactos negativos sobre o crescimento econômico e o mercado de trabalho. O desafio será equilibrar o controle inflacionário com a manutenção da atividade econômica em níveis sustentáveis.
Com a Selic atingindo os maiores níveis em duas décadas, o cenário indica tempos desafiadores para o governo e para o mercado, que acompanharão de perto as decisões e comunicações do Banco Central nos próximos meses.