A Igreja Católica se prepara para um novo capítulo de sua história. O conclave que elegerá o sucessor do Papa Francisco terá início no próximo dia 7 de maio, com expectativa de que o nome do novo pontífice seja anunciado já no dia seguinte, caso o processo ocorra com a agilidade das últimas eleições papais.
Durante o conclave, os cardeais eleitores se reúnem na Capela Sistina, onde ocorrem quatro votações por dia: duas pela manhã e duas à tarde. As três últimas eleições – que consagraram João Paulo II (1978), Bento XVI (2005) e Francisco (2013) – foram resolvidas em até cinco escrutínios. A média desde 1900 é de três dias de deliberação.
Para ser eleito, o cardeal precisa obter dois terços dos votos. A primeira votação tende a funcionar como um reconhecimento de cenário. Foi o que aconteceu em 2013, quando Jorge Mario Bergoglio teve apenas 12 votos na primeira rodada, mas acabou sendo eleito após articulações e mudanças de apoio.
Atualmente, os cardeais participam das chamadas Congregações Gerais, encontros preliminares nos quais são debatidas as diretrizes da Igreja e onde os cardeais com mais de 80 anos – que não votam – ainda exercem forte influência nos bastidores.
Um dos nomes mais ativos nesse processo é o do cardeal italiano Camillo Ruini, de 94 anos, figura emblemática da ala conservadora. Em entrevista ao Corriere della Sera, Ruini afirmou que o próximo papa precisa ser “caridoso também no governo da Igreja” – uma crítica velada ao estilo considerado autoritário de Francisco.
Ruini avaliou que, apesar do tom conciliador dos funerais do papa argentino, as divisões dentro da Igreja continuam. “O paradoxo é que os favoráveis a Francisco, em geral, são os leigos, enquanto os religiosos tendem a criticá-lo”, disse o cardeal, apontando que a missão de Francisco de aproximar os afastados acabou por alienar setores tradicionais do clero.
Com tensões latentes entre os que defendem a preservação dos valores tradicionais e os que pregam uma Igreja mais aberta ao mundo moderno, o conclave promete não apenas uma escolha de nome, mas de direção para o futuro da Igreja Católica.