Elias Procópio de Lima, renomado repentista e considerado patrimônio vivo cultural de Alagoas, relatou em um vídeo divulgado nas redes sociais as dificuldades enfrentadas por ele e outros moradores do bairro Bom Parto, em Maceió, após os impactos causados pela mineração da empresa Braskem. O depoimento, publicado pelo defensor público do Estado de Alagoas, Ricardo Antunes Melro, expõe a realidade de conviver em uma casa cheia de rachaduras e sem previsão de realocação.
“Sou um seguidor da cultura de Alagoas, me orgulho em dizer, já fiz em Alagoas 50 festivais com os repentistas do Nordeste e fui escolhido patrimônio vivo cultural, mas essa alegria de ser poeta acabou aqui, porque a alegria do povo do Bom Parto acabou. Nós estamos vivendo nas mãos de Deus”, desabafou Elias em tom emocionado.
O repentista destacou que, ao deixar sua residência na Rua General Hermes, ele espera ir para uma casa própria, não para um imóvel alugado. “Eu pretendo sair da minha casa, não para uma casa de aluguel, mas sair para outra casa minha”, afirmou.
Outro ponto de sofrimento mencionado por Elias é o tráfego noturno de caminhões na região, que intensifica os danos estruturais nas residências e prejudica a qualidade de vida dos moradores. “A noite eu sou uma das pessoas que não dorme, porque a noite os caminhões começam, passam nesse quebra-molas e a casa vai caindo”, disse.
O defensor público Ricardo Antunes Melro garantiu que não mediará esforços para buscar justiça aos moradores afetados pelos danos da Braskem. “A gente vai lutar por justiça, vamos levar tudo isso que está acontecendo, que é o mundo real, para o juiz julgar de acordo com o mundo real e não com base no mundo maravilhoso dos relatórios da Braskem. As pessoas precisam saber que existe sofrimento aqui e que existe risco”, declarou o defensor.
O caso do bairro Bom Parto é um dos diversos episódios envolvendo regiões de Maceió afetadas pela exploração de sal-gema pela Braskem, que causou graves danos geológicos e estruturais, forçando a evacuação de milhares de famílias. A situação segue gerando repercussão e pedidos de medidas mais ágeis para atender às necessidades da população local.