
Neste domingo, 29 de dezembro, completaram-se 32 anos desde que Fernando Collor de Mello renunciou à presidência da República, em 1992. O gesto, que visava evitar a cassação e a perda de direitos políticos em meio a um processo de impeachment, afastou temporariamente o risco de prisão para o então presidente. Entretanto, em 2025, Collor pode novamente se ver diante da Justiça, desta vez em razão de uma condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em maio de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Collor a 8 anos e 10 meses de prisão por envolvimento no recebimento de R$ 29,9 milhões em propinas relacionadas à BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, durante seu mandato como senador entre 2010 e 2014. Empresários também envolvidos no esquema foram condenados a penas menores.
Os últimos recursos da defesa estão previstos para julgamento em 2025. Caso os embargos sejam rejeitados, a execução da pena pode ocorrer já no primeiro semestre do ano. Desde a condenação, Collor vem utilizando estratégias jurídicas para adiar o cumprimento da sentença, incluindo questionamentos à competência do STF e apelos a instâncias inferiores.
Fernando Collor de Mello entrou para a história como o primeiro presidente eleito por voto direto após o regime militar, em 1989. Seu governo, marcado pela implementação do controverso Plano Collor, buscava conter a hiperinflação, mas resultou em recessão, desemprego e insatisfação popular. Acusações de corrupção envolvendo seu tesoureiro, Paulo César Farias, desencadearam um processo de impeachment que culminou em sua renúncia em 1992.
Após um período afastado da política, Collor reconquistou os direitos políticos em 2006 e retornou como senador por Alagoas. Em 2022, tentou uma candidatura ao governo do estado, mas obteve o terceiro lugar.
A trajetória de Collor também é marcada por eventos sombrios, como o episódio envolvendo seu pai, o ex-senador Arnon Afonso de Mello, que em 1963 matou acidentalmente o colega José Kairala no Senado durante uma discussão política. Embora Collor não tenha ligação direta com o incidente, o episódio contribuiu para a aura controversa que cerca a família.
Enquanto Collor aguarda os desdobramentos de sua condenação, o Brasil reflete sobre o legado de seu primeiro presidente eleito democraticamente após a ditadura. Seu governo e os desdobramentos políticos e judiciais que o seguiram permanecem como um capítulo complexo na história política do país.