Alagoas figura entre os estados com as maiores taxas de feminicídios por arma de fogo no Brasil, segundo um novo relatório do Instituto Sou da Paz. O estudo “Pela Vida das Mulheres” expõe a grave situação da violência letal contra mulheres no estado.
No estado de Alagoas, os dados apontam para uma das maiores incidências de homicídios de mulheres no cenário nacional, com um foco de preocupação acentuado na violência letal contra mulheres negras.
A pesquisa revela um cenário alarmante, onde a taxa de homicídios de mulheres negras chega a ser até 19 vezes superior à de mulheres não negras. Essa disparidade trágica evidencia a interconexão entre a violência armada e o racismo estrutural, que intensifica a violência de gênero no estado.
A exemplo de outras regiões do Nordeste, Alagoas apresenta um alto índice de homicídios femininos nos quais armas de fogo são utilizadas. Conforme o relatório, 65% dos assassinatos de mulheres no estado foram perpetrados com esse tipo de armamento.
A pesquisa também demonstra uma distinção regional importante: enquanto em outras partes do Brasil a maioria dos crimes contra mulheres ocorre em suas residências, no Nordeste, e especificamente em Alagoas, a violência armada letal contra mulheres se concentra nas ruas. Esse dado sugere uma ligação perigosa entre as atividades do crime organizado e a violência de gênero, expondo as mulheres a uma vulnerabilidade ainda maior em espaços públicos.
Um dado relevante do relatório aponta para um aumento de 23% nas notificações de violência armada contra mulheres em todo o Brasil no último ano. Esse crescimento pode indicar tanto uma maior exposição dessa forma de violência quanto um possível avanço no registro e denúncia desses crimes.
Contudo, em estados como Alagoas, onde a taxa de letalidade de mulheres persiste entre as mais elevadas do país, especialistas enfatizam a necessidade imediata de medidas práticas. Entre elas, destacam-se o fortalecimento das redes de proteção às vítimas, a otimização do acesso à justiça e a implementação de políticas de desarmamento mais efetivas.