Dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Alagoas, indicam que a retomada gradativa da economia em Maceió ainda enfrenta dificuldades que são reflexos da pandemia do coronavírus. A Fecomércio divulgou um estudo feito em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que mostra o terceiro mês consecutivo com queda de consumo na capital. Comparado ao mês de maio, em junho a perda foi de 3,2%. Na variação anual, esse índice negativo já chegou a 11,96%
A situação só não é pior – conforme a própria Fecomércio – por conta do auxílio emergencial do governo federal que injetou, na capital, mais de R$ 195 milhões. Todavia, parte desse recurso – como explica o assessor econômico da Federação, Felippe Rocha – foi utilizado pelas famílias para quitar dívidas, além da aquisição de bens não duráveis.
“Os recursos estão sendo utilizados para a aquisição de alimentos, materiais de higiene e outras questões mais imediatas do que a compra de bens duráveis e semiduráveis. Isso explica o aumento do endividamento com queda do atraso das contas e da inadimplência”, explicou Rocha.
Segundo ele, para se compreender essas quedas é preciso analisar os indicadores da segurança do consumidor e que determinam as relações de comércio. “Em junho, ocorreu elevação em 0,3% na confiança do cidadão em manter seu emprego atual. Isso ocorreu por conta da Medida Provisória 936, que permitiu a redução da jornada de trabalho ou a suspensão de contrato com a devida compensação dos salários até o limite do valor do seguro desemprego, salvando muitos postos de trabalho”, avalia.
Até o dia 2 de julho, mais de 11,7 milhões de contratos de trabalho no país foram alterados para essa modalidade. Apesar do aumento na confiança com o emprego, as perspectivas profissionais para o restante do ano caíram 3,1%, indicando que poucos maceioenses acreditam encontrar um emprego melhor ou conseguir um aumento este ano.
“Isso porque as incertezas ainda são enormes quanto a duração da pandemia e da melhora do ambiente de negócios. A MP 936 e o auxílio emergencial foram insuficientes para manter a renda”, avalia o economista. De acordo com ele, na aplicação da medida provisória em salários acima de R$ 2.015,00, reduzindo 30%, 50% ou 70%, estes apresentam perdas de 13% a 17%, mesmo com a compensação paga pelo governo.
Já o auxílio emergencial, que de certa forma trouxe alento a desempregados, autônomos e profissionais liberais, injetou uma média de R$ 730,00 por pessoa (isso porque, em alguns casos, o valor foi de R$ 1,2 mil). Contudo, em Maceió, a renda média de autônomos e profissionais liberais é de mais de R$ 1.133,00, ou seja, embora tenha dado fôlego, a renda foi menor do que de costume. Neste contexto, os consumidores da capital relataram uma queda de 5,3% da renda comparada a junho de 2019, o que explica a redução do consumo.
“Com uma renda menor, as pessoas evitam itens supérfluos e outros tipos de bens, comprando muito menos. As compras a prazo foram afetadas também e apresentaram um decréscimo de 1,1%, demonstrado que os consumidores estão evitando utilizar o cartão ou realizar alguma compra a prazo”, analisa Felippe.
Na variação anual, o consumo atual está 0,4% menor e a perspectiva de consumo para os próximos meses é 7,5% menor do que o mesmo período do ano passado. Por último, ocorreu uma queda de 6,5% na aquisição de bens duráveis.
Fonte – Jornal das Alagoas