Setor em franca expansão na economia alagoana, a pecuária leiteira segue alcançando recordes de produção, graças a uma série de fatores que passam por produtores, indústrias e incentivos tributários.
A começar pelos grandes agropecuaristas, personagens como Paulo Amaral, que comanda o grupo que leva o seu nome – com fazendas em Batalha e Major Izidoro – contribuem para o aumento da produção leiteira em Alagoas, que deve atingir 600 milhões de litros neste ano.
Sozinho, Paulo Amaral é responsável pela produção de 14.300 litros diários de leite, o que resulta num faturamento anual de R$ 11,5 milhões. Levantamento divulgado pela MilkPoint – considerada a maior comunidade dedicada à cadeia láctea do Brasil – o agropecuarista alagoano está entre os 100 maiores produtores de leite do País, ocupando a 96ª posição neste ano. O empresário produziu, no ano passado, 5,2 milhões de litros de leite.
Em segundo lugar no ranking alagoano aparece o pecuarista Luiz Antônio dos Anjos, da Agropecuária Lagoa do Mato, em Olho d’Água das Flores, com a produção diária de 13 mil litros de leite e um faturamento anual de R$ 10,5 milhões por ano.
No terceiro lugar da lista aparece o governador de Alagoas e pecuarista Paulo Dantas, da Fazenda Campo Verde, localizada no município de Batalha. Com uma produção diária de 12.700 mil litros de leite, ele registra um faturamento anual de R$ 10,2 milhões.
O ranking segue com o agropecuarista Beto Barreto, do município de São Sebastião, cuja produção diária de leite atinge 9 mil litros, e resulta em um faturamento anual de R$ 7,2 milhões. Juntos, os quatro grandes produtores são responsáveis por injetar na economia de Alagoas, somente com a produção leiteira, quase R$ 40 milhões por ano.
Depois deles, diversos produtores aparecem com produção diária que varia entre 5 mil e 7 mil litros, apresentando um faturamento médio anual de 5 milhões.
Desde 2021, o Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou os limites da Receita Bruta Agropecuária Anual (RBA) para efeito de classificação do produtor rural, pessoa física ou jurídica. Com isso, é considerado pequeno produtor quem tem receita bruta anual de até R$ 500 mil. “Mas é importante destacar também que a produção de leite no estado é feita praticamente por pequenos e médios produtores”, explica o presidente da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA), Domício Silva.
O médio produtor é aquele com receita de até R$ 2 milhões/ano. É considerado grande produtor o que tem receita bruta anual acima dos R$ 2,4 milhões.
No campo de médio produtor, encontram-se pecuaristas como a Maria Lúcia Oliveira e Vieira Barros, de Major Izidoro, município que registrou o segundo maior valor da produção de leite, com R$ 72 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município sertanejo fica atrás apenas de Palmeira dos Índios, que encabeça o ranking de maior valor de produção, com R$ 91 milhões.
R$ 1,3 BILHÃO NA ECONOMIA
Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal divulgada pelo IBGE, a produção de leite injetou R$ 1,3 bilhão na economia do estado, resultado do volume de 590,7 milhões de litros atingidos em 2022 – ano base do último levantamento. O aumento na produção é consequência de fatores como o melhoramento genético, incentivos fiscais e aumento na industrialização.
Domício Silva afirma que, nos últimos anos, os resultados da produção leiteira alagoana se devem aos grandes e pequenos produtores, além de novas políticas públicas e parceiros. “O setor tem avançado significativamente. Um reflexo disso é a instalação de novas indústrias que captam leite aqui em Alagoas nos últimos anos”, enfatiza.
No ano passado, por exemplo, o volume de leite industrializado registrou um crescimento de 62%, na comparação com 2022, saltando de 79,6 milhões de litros para 128,9 milhões entre um ano e outro. Esse volume deve seguir avançando, com a instalação da fábrica da Natville no município de Batalha. Com investimentos de R$ 500 milhões, a nova unidade da indústria de laticínios, segunda do grupo sergipano em Alagoas, vai gerar entre 300 e 400 empregos diretos na região, a partir de 2026. A outra fábrica fica em União dos Palmares.
“Nosso grande problema era justamente a industrialização. Produzimos um grande volume de leite, mas não produzíamos derivados. Isso passou a mudar com a fábrica da Cooperativa da Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), em Batalha, e deve continuar avançando muito com a nova indústria da Natville”, ressalta o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cícero Péricles.
A secretária de Agricultura e Pecuária, Aline Rodrigues, lembra que na última década, Alagoas elevou a produção de leite, sendo o estado nordestino com aumento mais expressivo: saindo de 0,7 milhão para 1,8 milhão de litros/dia, de acordo com o Anuário do Leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“As políticas públicas de incentivo à produção, do pequeno ao grande produtor, são fundamentais para concretização desses investimentos, trazendo novas indústrias para o estado e dando acesso a tecnologias de inseminação artificial aos produtores”, explica Péricles.
Atualmente, o rebanho alagoano de bovinos – formado por bois e vacas – conta com 1,33 milhão de cabeças. De acordo com o IBGE, Palmeira dos Índios concentra o maior volume, com 40 mil cabeças. Em seguida, aparecem Viçosa, com 36 mil, União dos Palmares (35.012) e Igreja Nova (34 mil).
Fonte – GazetaWeb