Na noite desta quinta-feira (19), a Faixa Verde implementada pela Prefeitura de Maceió na Avenida Sílvio Viana, no bairro de Ponta Verde, foi alvo de protesto realizado por moradores, ambulantes, comerciantes e representantes de entidades. Reunidos ao redor da emblemática Cadeira Gigante, os manifestantes pediram o fim da proibição de estacionamento na avenida e a retirada imediata das mudanças no trânsito.
A polêmica ganhou força após uma decisão judicial da 14ª Vara Cível da Capital, emitida na última terça-feira (17), suspender as alterações. O juiz Antonio Emanuel Dória Ferreira acatou um Mandado de Segurança Coletivo impetrado por associações de hotéis, restaurantes, guias de turismo e outros segmentos. No documento, as entidades alegaram que as mudanças estavam prejudicando o comércio local, a circulação de turistas e o cotidiano dos moradores.
Mudanças e impacto
As alterações no trânsito incluíram a redução de duas para uma faixa no sentido Pajuçara-Ponta Verde e a proibição de estacionamento ao longo da via. A justificativa apresentada pelo município baseava-se em criar um espaço sustentável e promover melhorias na mobilidade urbana. Contudo, os críticos afirmam que as medidas foram implementadas sem consulta pública e sem estudos aprofundados sobre os impactos viários e econômicos.
Erisvaldo Nascimento, comerciante da região, relatou dificuldades enfrentadas após a implementação da Faixa Verde:
“Essa faixa tirou o sono de moradores e empresários. Planejávamos contratar mais pessoas para as festas de fim de ano, mas tivemos que repensar por conta das proibições. Isso está nos prejudicando diretamente.”
Já Valter Vigílio, representante da Associação de Prestadores de Serviços da Orla Marítima, destacou os desafios operacionais:
“Temos que deixar os veículos longe para descarregar materiais. É um desrespeito com quem trabalha aqui diariamente.”
Decisão judicial e medidas municipais
Na decisão, o juiz Antonio Emanuel enfatizou a ausência de estudos técnicos prévios e a necessidade de ouvir a população local antes de efetuar as alterações. Determinou ainda a suspensão das obras e a proibição de estacionamento, sob pena de multa diária de até R$ 100 mil caso a prefeitura descumpra a ordem.
Apesar da decisão, cones e placas de sinalização permaneciam na avenida até a noite de quinta-feira. Em nota oficial, o Departamento Municipal de Transportes e Trânsito (DMTT) informou que ainda não foi formalmente notificado da liminar, mas garantiu que está tomando as “medidas judiciais cabíveis” para reverter a decisão.
Repercussão política e próximos passos
O prefeito JHC declarou recentemente que a Faixa Verde é um projeto experimental para revitalizar áreas urbanas e criar um “parque linear” sustentável. A medida, no entanto, enfrenta resistência na Câmara de Vereadores e entre moradores da região, que pedem maior diálogo sobre mudanças que impactam diretamente suas rotinas.
Com o aumento da pressão popular e a determinação judicial, o futuro da Faixa Verde na Ponta Verde permanece incerto. Enquanto isso, comerciantes e moradores aguardam uma solução que equilibre desenvolvimento urbano, preservação ambiental e as demandas da comunidade local.