As discussões sobre a possibilidade de conceder anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 ainda pairam no Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem sinalizado a aliados que o tema não foi descartado, embora sua votação esteja longe de se concretizar devido às divergências entre diferentes grupos políticos.
Comissão especial: um impasse
Em uma movimentação estratégica, Lira criou em outubro uma comissão especial para analisar o projeto, tirando-o da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A medida foi interpretada como parte de suas articulações políticas, especialmente diante da disputa pela presidência da Casa. No entanto, a comissão ainda não foi instalada, já que os partidos não concluíram a indicação dos 34 membros titulares e seus suplentes, um reflexo das dificuldades em se chegar a um consenso sobre o tema.
O que está em jogo?
O projeto de anistia, relatado pelo deputado Valadares Filho (PSB-SE), propõe perdoar todos os envolvidos em atos políticos e eleitorais relacionados aos eventos de 8 de janeiro, incluindo manifestantes, financiadores e até mesmo aqueles que difundiram mensagens de apoio nas redes sociais.
Em seu parecer, Valadares defendeu que muitos dos participantes dos atos agiram motivados por sentimentos de revolta em relação ao resultado das eleições presidenciais de 2022, que reconduziram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência.
Resistências e pressões
Enquanto parlamentares ligados ao governo federal consideram a proposta uma tentativa de apagar as consequências dos atos antidemocráticos, bolsonaristas veem a anistia como um passo essencial para proteger aliados e evitar penalizações severas. A pauta também se tornou peça-chave nas negociações em torno da sucessão no comando da Câmara, sendo usada como moeda de troca em articulações políticas.