O Ministério Público Federal (MPF) reuniu-se emergencialmente com representantes do Ministério da Saúde (MS) para abordar a séria situação do surto de meningite que está afetando Alagoas. A reunião teve como principal objetivo buscar informações sobre as razões do surto e estratégias conjuntas e imediatas que possam ser adotadas para conter a propagação da doença e garantir a saúde e segurança da população alagoana. As apurações do MPF apontam que desde abril de 2023 já havia indicativo do aumento de doenças meningocócicas no estado de Alagoas.
O Estado informou que a meta de cobertura vacinal preconizada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) é de ao menos 95% das crianças menores de 1 ano de idade com a vacina Meningocócia C. Em 2022, o índice foi de 86%, sendo o índice atual, em 2023, de 64%.
Na reunião, o MS informou que a última atualização do ano de 2022 foram 23 casos totais de meningite bacteriana, sendo 9 casos meningocócica. Em 2023, já são 21 casos só de meningocócica. Os bairros que têm mais casos são Jacintinho e Benedito Bentes, também pela característica de transmissão da doença, que é respiratória.
De um modo geral, a letalidade está acima do esperado. A doença meningocócica tem letalidade de 10 a 15% e, em Alagoas, o índice tem sido de 20 a 30% de letalidade a depender da idade. A maioria são crianças menores de 5 anos. A faixa entre 1 e 5 anos concentra 50% dos casos e a letalidade está em 33%. Mas todos esses dados serão apresentados de modo atualizado no relatório de amanhã, dia 15 de setembro.
O MS confirmou que os casos de maior preocupação em Alagoas são os causados pelo Meningococo do sorogrupo B, que é imunoprevenível com vacina disponível apenas na rede privada de atenção à saúde, desta forma as ações de vigilância – notificação, investigação, quimioprofilaxia, monitoramento dos contatos, tratamento oportuno – vêm sendo adotadas pelo Estado de Alagoas, em parceria com o Município de Maceió.
O MPF questionou a razão por que o MS não dispõe do imunizante contra a meningite B na rede pública e se há expectativas de que passe a disponibilizar. As representantes do MS informaram questões técnicas e científicas para que não haja este imunizante, especialmente porque no Brasil a cepa que mais circula é a “C”.
Segundo o MPF, ficou claro na reunião que a baixa imunização, aliada à redução das medidas adotadas durante a pandemia de Covid-19, como o distanciamento e uso de máscara, além do período de chuvas, que aumenta os casos de doenças respiratórias, são fatores que promovem o surto de meningite em Alagoas.
Fonte – Extra