O aumento no preço dos alimentos continua sendo um dos principais desafios econômicos enfrentados pelo Brasil. Em 2024, o grupo de alimentação e bebidas registrou uma alta acumulada de 7,69%, segundo o IBGE, pressionando a inflação e impactando o orçamento das famílias. Diversos fatores estão por trás dessa escalada de preços, incluindo a valorização do dólar, quebras de safra e o impacto das exportações. Diante desse cenário, o governo Lula (PT) tem discutido possíveis ações para conter o aumento, mas descarta medidas de intervenção direta, como congelamento ou tabelamento de preços.
Embora ainda não tenha definido estratégias concretas, algumas ideias estão em análise, com foco em reduzir custos e estimular a produção de alimentos. Entre elas, está a regulamentação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), mudanças nas alíquotas de importação e um novo Plano Safra.
Regulamentação do PAT e impacto no vale-alimentação
Uma das primeiras propostas avaliadas é a regulamentação do Programa de Alimentação do Trabalhador, que inclui a portabilidade dos cartões de vale-alimentação e vale-refeição. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, essa medida pode trazer uma redução direta nos custos para os consumidores, com impacto estimado de 1,5% a 3% nos preços finais. Apesar da aprovação de uma lei que autoriza a portabilidade, a falta de regulamentação impede sua implementação, tarefa que depende agora do Banco Central.
Mudanças nas alíquotas de importação
Outra medida em discussão é a possibilidade de reduzir as alíquotas de importação de produtos que apresentam preços mais altos no mercado interno em comparação ao mercado internacional. Essa estratégia visa aumentar a concorrência e, consequentemente, pressionar os preços para baixo.
Estímulo à produção com um novo Plano Safra
O governo também aposta no fortalecimento da produção agrícola como solução de longo prazo. Um novo Plano Safra está sendo estruturado para incentivar a produção de alimentos básicos, com foco nos pequenos e médios produtores. Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a meta é garantir maior oferta de produtos e aliviar os preços ao consumidor.
Dólar e safra recorde: variáveis decisivas
Mesmo com as iniciativas em discussão, o governo reconhece que fatores externos, como a cotação do dólar e a expectativa de uma safra recorde, serão determinantes para o comportamento dos preços dos alimentos em 2025. A valorização do real frente ao dólar, que atualmente está abaixo da marca de R$ 6, e o aumento na produção agrícola podem ajudar a reduzir os custos das commodities no mercado interno.
Apesar das pressões e desafios, o governo mantém sua posição de não adotar políticas intervencionistas, como congelamento de preços ou subsídios diretos aos produtores. “Não há espaço fiscal para esse tipo de medida”, afirmou Haddad, reforçando que o foco será em ações estruturais e regulatórias.
Enquanto as propostas ainda estão em fase de análise, consumidores seguem sentindo o peso da alta dos alimentos no orçamento, aguardando por soluções que tragam alívio ao bolso nos próximos meses.