A Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a liderança de Paulo Gonet, optou por uma postura de cautela enquanto aguarda o relatório final da Polícia Federal (PF) sobre o “inquérito do golpe”. O documento poderá incluir o indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) por conspiração para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além desse caso, um estudo da PGR reuniu um “pacote de denúncias” contra o ex-presidente, envolvendo outras investigações, como as suspeitas de fraude na carteira de vacinação e o caso das joias sauditas.
De acordo com informações do jornal O Globo , Gonet busca evitar políticas de pressão, especialmente após as eleições legislativas. Antes da votação, houve consenso na PGR para postergar qualquer denúncia contra Bolsonaro, a fim de afastar suspeitas de interferência política. Agora, no entanto, Gonet parece aguardar as provas reunidas pela PF para obter uma visão completa das acusações antes de formalizar o caso.
Em relação aos inquéritos sobre a fraude da carteira de vacinação e as joias sauditas, a PF já havia recomendado o indiciamento de Bolsonaro. No entanto, Gonet pediu esclarecimentos adicionais, ampliando as evidências e evitando brechas. Especificamente sobre a suspeita de fraude na vacinação, o procurador-geral solicita à PF que verifique se Bolsonaro apresentou certificado de imunização ao entrar nos Estados Unidos em dezembro de 2022. Informações do Departamento de Justiça dos EUA indicam que não houve registro de vacinação declarada, argumento que vem sendo usado como defesa por aliados de Bolsonaro.
Outro fator relevante para a investigação foi o acordo de delação premiada firmado com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid afirmou que recebeu ordens para inserir dados falsos de vacinação no sistema, incluindo informações do próprio Bolsonaro e de sua filha, ou que a PF considera uma peça-chave para entender as ações internas do governo na reta final.
A expectativa é que o relatório final sobre o inquérito do golpe seja concluído ainda neste ano e que ele traga sugestões de indiciamento por crimes graves, como tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em caso de declaração, Bolsonaro poderia enfrentar penas que somam até 28 anos de prisão. Seus advogados, contudo, seguem confiantes de que o ex-presidente poderá evitar uma acusação formal, especialmente no caso de fraude de vacinação.
Dentro da PGR, Gonet é visto como um procurador centralizador e cuidadoso, especialmente em casos de grande repercussão política. A comunidade jurídica e política aguarda uma posição definitiva da PGR, seja pela formalização das denúncias ou por novos pedidos de provas que possam fortalecer as acusações.