A Polícia Federal remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) as apurações da operação Overclean após surgirem citações ao deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA) em uma investigação sobre desvios milionários envolvendo contratos bancados por emendas parlamentares.
A operação investiga um esquema de corrupção envolvendo contratos de empresas ligadas aos irmãos Fábio e Alex Parente e a José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), além de estados e municípios.
Na primeira fase da operação, Francisco Nascimento, primo de Elmar Nascimento e ex-secretário de governo de Campo Formoso (BA), foi preso. Segundo a Polícia Federal, ele atuava como um facilitador administrativo, manipulando processos licitatórios para favorecer empresas do grupo criminoso. Durante a ação, Francisco chegou a arremessar dinheiro pela janela na tentativa de se livrar das evidências.
De acordo com as investigações, Francisco ajustava editais de licitação, inabilitava concorrentes, negociava propinas e fornecia informações privilegiadas para beneficiar o esquema. Além disso, emendas parlamentares destinadas por Elmar Nascimento teriam custeado obras realizadas pela Allpha Pavimentações em diversas cidades da Bahia.
A operação ganhou destaque após a apreensão de R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo, além de anotações e planilhas, em um avião que fazia a rota Salvador-Brasília. O material apreendido embasou pedidos de prisão na segunda fase da operação, focada em suspeitos de desvios em contratos com cidades baianas.
No final de dezembro, o delegado responsável pelo caso informou à Justiça que não havia alvos com foro privilegiado na investigação. Contudo, novos elementos envolvendo o deputado Elmar Nascimento levaram à necessidade de encaminhar o caso ao STF, uma vez que parlamentares possuem prerrogativa de foro.
A investigação, inicialmente concentrada em um contrato específico do DNOCS, se expandiu após a análise de gravações ambientais e quebras de sigilo telemático, revelando um esquema de corrupção em contratos milionários firmados com administrações federais, estaduais e municipais.
A operação Overclean, que já identificou pelo menos cinco nomes da cúpula do União Brasil, tem causado preocupação entre políticos após as recentes revelações. O STF agora avaliará os próximos passos da investigação.