Um levantamento realizado pelo Datafolha, divulgado nesta quarta-feira (18), revelou que 62% dos brasileiros são contrários à anistia para os participantes dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Apenas 33% apoiam a medida, enquanto 5% afirmaram não saber e 1% se declararam indiferentes ao tema.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas maiores de 16 anos, distribuídas por 147 municípios em todo o Brasil. Com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o índice de confiabilidade é de 95%.
Opiniões Estagnadas sobre a Anistia
Comparando os resultados com a pesquisa anterior, realizada em março, observa-se uma estabilidade na opinião pública. À época, 63% eram contra a anistia, e 33% a favor. As diferenças mínimas estão dentro da margem de erro, indicando que o tema continua polarizado, sem alterações significativas nos últimos meses.
Perfis que Mais Apoiam e Rejeitam a Anistia
De acordo com o levantamento, o apoio à anistia é mais expressivo entre homens (37%) do que entre mulheres (29%). Por outro lado, 64% das mulheres rejeitam a medida, enquanto entre os homens a oposição é de 59%.
Entre os grupos que mais defendem a extinção das punições estão:
• Eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022: 45% a favor;
• Trabalhadores assalariados sem registro formal: 38% a favor;
• Empresários e evangélicos: ambos com 37% de apoio.
Por outro lado, os grupos mais contrários à anistia incluem:
• Eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022: 72% contra;
• Funcionários públicos: 68% contra;
• Estudantes: 68% contra;
• Desempregados: 67% contra.
Anistia no Contexto Político
A discussão sobre a anistia é uma prioridade para políticos alinhados ao bolsonarismo, especialmente porque a medida abriria caminho para o retorno de Jair Bolsonaro ao cenário eleitoral. Atualmente, o ex-presidente está inelegível até 2030, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho deste ano.
Em recente apelo público, Bolsonaro pediu ao presidente Lula e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerassem a anistia como um caminho para “pacificar” o país.
“Se tivesse uma palavra do Lula ou do Alexandre de Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido. Não querem pacificar? Pacifica”, declarou o ex-presidente, reforçando que a medida é essencial para encerrar os conflitos políticos.
Proposta de Lei Travada no Congresso
Uma proposta legislativa que prevê a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro enfrenta resistência no Congresso. O projeto, de autoria do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), propõe isenção de punição para aqueles que participaram de manifestações entre 30 de outubro de 2022 e a data de aprovação da lei.
Além de beneficiar manifestantes, o texto incluiria crimes políticos e eleitorais, sendo interpretado como uma tentativa de reabilitar a posição de Bolsonaro. No entanto, a tramitação do projeto foi dificultada após o ex-presidente ser indiciado pela Polícia Federal no relatório final das investigações sobre os atos golpistas.
A proposta também se tornou alvo de disputas políticas internas, sendo usada como moeda de troca na eleição para a presidência da Câmara. Apesar disso, o candidato à sucessão de Arthur Lira, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), não sinalizou urgência em colocar o tema em votação, caso seja eleito.
O Debate Continua
Com o país dividido sobre o tema, a questão da anistia permanece um dos debates mais controversos da agenda política brasileira. Entre apelos por reconciliação e demandas por justiça, o futuro dessa proposta ainda é incerto e dependerá das articulações no Congresso e da pressão da opinião pública.