Entre os 37 investigados pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21) no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, está o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Em fevereiro, ele foi alvo da operação Tempus Veritatis, que resultou no cumprimento de 33 mandados de busca e apreensão, além de quatro prisões preventivas, relacionadas a uma suposta conspiração ocorrida em janeiro do ano passado.
O padre, que frequentemente aborda temas como guerra cultural, aborto e os impactos da cultura pop na vida de jovens em seu canal no YouTube, foi apontado como integrante do núcleo jurídico do esquema investigado. De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, o grupo era responsável por elaborar minutas de decretos que dariam suporte legal e ideológico às ações golpistas. O relatório da investigação, com mais de 800 páginas, foi concluído e encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta quinta-feira.
A Polícia Federal afirma que José Eduardo teria participado de uma reunião no Palácio do Planalto em novembro de 2022, ao lado de outros investigados, como Filipe Martins e Amauri Feres Saad. Segundo o inquérito, tais encontros teriam sido promovidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para debater um possível regime de exceção constitucional. Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, foi preso durante a mesma operação em fevereiro. José Eduardo, por sua vez, foi submetido a medidas cautelares, incluindo a proibição de contato com outros investigados, a entrega de passaportes e a impossibilidade de deixar o país.
O advogado do padre, Miguel Vidigal, criticou a conduta da Polícia Federal, alegando que não recebeu acesso ao relatório final e denunciou supostas irregularidades na quebra de sigilo de conversas espirituais do padre, protegidas por lei. Ele acusou os investigadores de desrespeitar decisões judiciais, destacando que o sigilo do caso, decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, foi violado. A divulgação da lista de indiciados no site oficial da instituição, segundo Vidigal, compromete a credibilidade da Polícia Federal e configura abuso de autoridade.