Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, estão sob o olhar atento das autoridades após a revelação de pagamentos milionários ao advogado Rodrigo Pimentel, cujo pai, Sideni Soncini Pimentel, é desembargador afastado do Tribunal de Justiça do Mato Grosso sob suspeitas de envolvimento em venda de sentenças. A operação Ultima Ratio, da Polícia Federal (PF), deflagrada em outubro, incluiu buscas no escritório de Rodrigo, e novas investigações estão em andamento para apurar a legalidade das transações.
Conforme dados publicados pelo Correio do Estado, a quantia exata transferida para o escritório Pimentel & Mochii Advogados Associados chega a R$20.857.199,71, pagos em seis depósitos de dezembro de 2022 a agosto de 2023. A PF acredita que esse valor pode representar apenas parte dos montantes movimentados, uma vez que reflete apenas o período de quebra de sigilo bancário autorizado pela Justiça.
Ligações com o Meio Político e Empresas sem Funcionários
Além de Rodrigo, a investigação identificou que ele e o deputado estadual Junior Mochi (MDB) são sócios em uma empresa de soluções médicas, que opera no mesmo endereço do escritório de advocacia. Embora essa empresa movimente somas consideráveis, ela não possui funcionários, o que gerou desconfiança sobre seu uso potencial como estrutura para transações que precisam de maior averiguação.
Históricos de Corrupção Envolvendo a JBS
A JBS já esteve associada a grandes esquemas de corrupção, com antecedentes de pagamentos a autoridades em diferentes estados do país. Para a PF, as transferências de altos valores ao escritório de Rodrigo Pimentel, no curto espaço de nove meses, reforçam a necessidade de investigação, levantando dúvidas sobre o destino final desses recursos e seu possível uso em atividades ilícitas.
Empresas da JBS no Mato Grosso do Sul e Transações em Análise
Todas as transferências suspeitas partiram da JBS, que possui diversas operações no Mato Grosso do Sul, incluindo unidades frigoríficas em Campo Grande e Naviraí, além da Eldorado, uma das principais fábricas de celulose do país, e de uma mineradora em Corumbá. O envolvimento dos Batista em diferentes segmentos no estado contribui para o contexto das investigações financeiras.
Suspeitas de Venda de Sentenças e Associação Familiar
A operação Ultima Ratio não somente investiga Rodrigo Pimentel, mas também sua irmã Renata, ambos suspeitos de integrar um possível esquema de venda de decisões judiciais que envolveria o desembargador Sideni Soncini Pimentel e o desembargador Vladimir Abreu. A Polícia Federal observou que Rodrigo e os filhos de Vladimir compartilham um escritório e que Vladimir tomou decisões em ao menos seis processos nos quais Rodrigo atuava. O cruzamento dessas informações sugere indícios de uma “associação criminosa” entre as famílias, com os magistrados favorecendo causas onde seus filhos advogavam.
Declaração Oficial da JBS
Em nota oficial, a JBS refutou qualquer ligação entre as transferências milionárias e atos de corrupção, afirmando que o escritório Pimentel & Mochii Advogados Associados foi contratado para diversos serviços de natureza jurídica e recebeu honorários por esses trabalhos. A empresa destacou que as transações são legítimas e fazem parte da política de contratação de serviços advocatícios para a defesa de seus interesses.