A reunião entre os presidentes Lula (PT) e Arthur Lira (PP-AL) contribuiu para amenizar as tensões entre deputados do Centrão e o Palácio do Planalto, conforme relatos de lideranças partidárias. O encontro, não previsto na agenda oficial, definiu que Lira terá um canal direto de comunicação com Lula, estabelecido através do telefone de Valmir Moraes da Silva, ajudante de ordens do presidente. Adicionalmente, o presidente autorizou o ministro Rui Costa (PT) a atuar como ponte entre o Planalto e o Congresso Nacional.
Apesar disso, Lula destacou a importância de seus principais auxiliares estarem cientes das discussões no Congresso. Líderes do Centrão indicaram que nenhuma pauta de interesse do governo seria aprovada sem a demissão de Alexandre Padilha (PT), atual ministro das Relações Institucionais, mas Lula resistiu à pressão. Lira, por sua vez, culpou Padilha por descumprir acordos, incluindo a liberação de verbas de emendas parlamentares.
No encontro, Lira expressou irritação com os vetos de Lula a projetos aprovados pelo Congresso e criticou a medida provisória de reoneração da folha de pagamento. Ele também destacou as contribuições da Casa e de si mesmo ao governo, relembrando sua posição ao reconhecer publicamente o resultado eleitoral e articular a aprovação da PEC da Transição, entre outras ações.
Lula questionou Lira sobre seu discurso na abertura do ano legislativo, caracterizado como duro e agressivo. Após a reunião, Lira afirmou que “o jogo está zerado” e será possível ajustar a relação. Posteriormente, Lira embarcou para Salvador, onde passará o Carnaval. Em uma conversa com jornalistas, Padilha e o deputado José Guimarães (PT-CE) elogiaram a colaboração entre governo e Congresso, destacando as perspectivas de aprovação de importantes matérias neste ano. Ambos foram convocados por Lula logo após a reunião com Lira e permaneceram no Alvorada por cerca de duas horas.