Fundador do partido Novo, que sempre se colocou no campo do antipetismo, o empresário João Amoêdo surpreendeu o mundo político ao admitir ao jornal Folha de S. Paulo, em outubro de 2022, que votaria em Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição presidencial contra Jair Bolsonaro. A declaração caiu como uma bomba no Novo, que vinha se aproximando do bolsonarismo, e foi seguida pela desfiliação de Amoêdo do partido, no mês seguinte. Pela sigla, o empresário concorreu à Presidência em 2018 e conseguiu surpreendentes 2,5% dos votos, chegando na quinta posição.
E como Amoêdo, dono de vasto histórico de críticas a Lula e ao PT, tem avaliado o governo do petista até agora? O empresário, que não poupa o presidente de críticas por buscar “agradar a ideologias”, é só elogios a alguns dos membros da equipe ministerial de Lula. O comandante da Fazenda, Fernando Haddad, contra quem concorreu no pleito presidencial de 2018, é o mais celebrado por ele.
“O governo até agora foi médio. Começou muito mal, com ataques ao Banco Central, algumas ideias sobre agenda do BNDES. Ao longo do tempo, e aí acho que não é mérito de Lula, mas de alguns ministros, notadamente Haddad, as coisas foram melhorando”, diz. “Haddad tem sido muito habilidoso e consciente em, por exemplo, limitar o programa de subsídios para automóveis a essa altura do campeonato, e de conseguir, ainda que longe do ideal, a reforma tributária. Ele tem sido muito habilidoso e conseguido fazer com que o governo tenha sido razoável”, completa o empresário, que também elogia a atuação dos ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Camilo Santana (Educação) e Nísia Trindade (Saúde).
Sobre Lula, propriamente dito, Amoêdo avalia que o petista tem levado vantagem por suceder a um governo “muito ruim do ponto de vista institucional”, o de Bolsonaro, mas aponta escorregões. “Lula ainda está com o mesmo perfil de agradar a ideologias, como essa história de democracia relativa na Venezuela. Há muita incoerência do discurso com a prática, poderia estar fazendo um governo muito melhor”, conclui.
Fonte – Veja