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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve revelar nesta quinta-feira (25) um programa voltado para baratear os preços dos carros populares no Brasil, que subiram nos últimos anos na esteira da pandemia de covid-19.
O anúncio deve ser feito pela manhã, junto ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), durante um encontro com representantes da indústria automotiva no Palácio do Planalto, segundo a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom).
Detalhes ainda estão sendo discutidos por integrantes do governo, mas o programa deve contemplar, entre outras medidas, uma redução na carga tributária para a indústria e ações para facilitar o crédito.
Atualmente, os carros mais baratos vendidos no país custam quase R$ 70 mil, valor considerado alto por representantes do governo e criticado por Lula.
O que esperar do programa de carros populares de Lula
O objetivo do governo é reduzir os modelos de entrada para uma faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Por isso, o plano deve focar em duas frentes:
Redução da carga tributária e concessão de subsídios para a indústria automotiva
Medidas para facilitar o crédito aos brasileiros que desejam comprar um carro novo.
Pelo lado de estímulos às montadoras, o programa deve vincular alguns dos benefícios à indústria à produção de “carros verdes”, para estimular que as montadoras fabriquem automóveis com melhores índices de eficiência energética e menos poluentes.
Também pensando na questão ambiental, o conjunto de medidas do governo federal deve contemplar estímulos à produção local de carros híbridos e elétricos, em linha com programas já anunciados por outros países.
Uso do FGTS para comprar carro
Mas os preços altos não são o único fator que tem atrapalhado as vendas de veículos no país. A queda da renda média do brasileiro nos últimos anos, que se soma aos juros elevados, também tem contribuído para a estagnação.
Uma das ideias é permitir que os interessados em adquirir um veículo novo usem parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como garantia em eventuais financiamentos, como forma de diminuir os riscos de inadimplência e os juros cobrados pelas instituições financeiras. No entanto, a medida enfrenta resistência dentro do próprio governo.
Detalhes do programa têm sido mantidos em segredo pelo governo, mas foram discutidos hoje em uma reunião entre Lula e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Questionado após o encontro se o programa envolveria medidas de crédito e subsídios, Haddad se limitou a dizer que Lula queria conhecer o “estado da arte das discussões” sobre o tema e que foi informado sobre “várias possibilidades” que estão sobre a mesa.
“Mas tem coisa que só dá para fazer no ano que vem, que pode até ser anunciada, mas que só dá para fazer no ano que vem, em virtude das regras fiscais”, disse ele.
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Volta dos carros populares de Itamar
A volta de um programa de carros populares, aos moldes do lançado durante o governo de Itamar Franco (1992-1995), é discutida por representantes da indústria e do governo desde o início do ano diante da estagnação das vendas do setor.
Um cálculo feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostrou que se o Fusca popular, símbolo do programa de Itamar, fosse vendido hoje, custaria cerca de R$ 80 mil, apesar de não contar com vários itens de segurança exigidos hoje das montadoras.
Contudo, reportagem publicada pelo Valor mostrou que, se os preços dos carros de entrada de uma década atrás fossem atualizados pelo IPCA, o índice oficial de inflação do Brasil, os valores ficariam entre R$ 42 mil e R$ 55,1 mil, muito embora os carros hoje sejam considerados mais seguros e tecnológicos que os de 10 anos atrás – vale salientar, apesar disso, que os preços de 2013 carregavam o efeito da redução do IPI, promovido pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Juros altos dificultam vendas de carros
Além dos preços mais elevados, os juros altos e outras restrições ao crédito estão dificultando a retomada nas vendas esperada pela indústria automobilística desde o fim das restrições impostas durante a pandemia de covid-19.
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Desde 2020, as vendas de veículos no Brasil se mantêm estáveis em cerca de 2 milhões de unidades ao ano. Segundo previsões feitas antes do anúncio do programa do governo, a situação não deve sofrer grandes alterações em 2023.
As discussões que resultaram no plano que deve ser anunciado amanhã ganharam força no início do mês, quando Lula criticou o preço dos automóveis no país durante uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável, o “Conselhão”.
“A fábrica de automóveis não está vendendo bem, mas qual o pobre que pode comprar um carro popular de R$ 90 mil? Um carro de R$ 90 mil não é popular, é para a classe média”, questionou o presidente.
Fonte – Valor
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