A dinâmica do jogo de forças e poder entre os diferentes atores políticos é um tema central na análise da política contemporânea, especialmente em contextos como o de Alagoas. A manipulação da população através de teorias da legitimidade é uma estratégia que se revela eficaz, mas que também levanta questões éticas e de credibilidade. As pesquisas de opinião, frequentemente apresentadas como um reflexo legítimo da vontade popular, muitas vezes não são mais do que ferramentas de legitimação para os que estão no poder. A história nos ensina que a realidade é muito mais complexa do que os números frios podem sugerir.
Max Weber, em suas teorias sobre legitimidade, nos oferece um arcabouço teórico valioso para entender como líderes podem justificar suas ações e decisões. A distinção entre poder tradicional, carismático e legal-racional é crucial para compreender como a aceitação popular e a obediência são moldadas. Em regiões onde a pobreza é predominante, a vulnerabilidade da população a essas dinâmicas se torna ainda mais evidente. A falta de recursos e oportunidades pode levar a uma aceitação acrítica das narrativas construídas pelos líderes, que se apresentam como salvadores em meio ao caos.
A ciência política, ao estudar a formação da opinião pública, revela como a propaganda e o controle da mídia são utilizados para moldar percepções. A capacidade de mobilizar narrativas que ressoem com os valores e preocupações da população é uma ferramenta poderosa para a manutenção do poder. No contexto atual de Maceió, por exemplo, a recomendação do Ministério Público Estadual para que a Prefeitura não empenhe recursos públicos em publicidade e eventos pode ser vista como uma tentativa de deslegitimar estratégias que visam manipular a opinião pública em favor de pré-candidatos, como JHC.
À medida que nos aproximamos de 2026, um ano que promete ser de rupturas no sistema político alagoano, a análise do comportamento eleitoral e das preferências políticas se torna ainda mais relevante. A competição não se limita a cargos de governador ou senadores; trata-se de um jogo complexo onde a capacidade de arregimentar força e demonstrar poder popular será decisiva. A gestão de conflitos e crises, momentos críticos em que a população pode questionar a autoridade, será um teste para os protagonistas políticos.
Entretanto, a incerteza é palpável. A possibilidade de um confronto entre figuras como JHC e Renan Filho torna impossível prever quem sairá vitorioso. A análise de casos históricos de revoltas e protestos pode oferecer lições valiosas, mas também revela que as previsões muitas vezes são vendidas como realidades, sem considerar a complexidade do cenário político. Davi Filho, que vem de duas derrotas seguidas, tem sido apontado como competitivo para o Senado. Será? Pergunto: você tem certeza na reposta de quem seriam os dois senadores eleitos (Renan Calheiros, Arthur Lira, Alfredo Gaspar e Davi Filho)?
A ciência política, portanto, se apresenta como uma espada de dois gumes. Enquanto pode ser utilizada para dominar e manipular a população, também possui o potencial de libertar e promover a justiça social, dependendo das intenções dos atores políticos e das estruturas em que operam. As pesquisas de opinião pública, embora frequentemente desacreditadas, ainda servem como uma bússola para o eleitor, mesmo que essa bússola esteja frequentemente descalibrada. Em última análise, a responsabilidade recai sobre nós, cidadãos, para questionar, investigar e exigir uma política que realmente represente nossos interesses e aspirações.
Está escrito: nossos interesses e aspirações (não os deles). É este nó que precisa ser desatado.
Fonte – Blog do Wadson Regis