As negociações entre o governo e os partidos estão progredindo, com debates sobre a distribuição de cargos e uma maior participação do bloco composto por PSD, PP, União Brasil, Republicanos, MDB e outras legendas menores no Executivo. O governo está sondando partidos desse bloco interpartidário, como o PP, para avaliar um possível rearranjo nos espaços na Esplanada dos Ministérios.
Um dos cenários defendidos por membros do governo é que Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, assuma o Ministério da Agricultura. No entanto, apesar das articulações de aliados junto ao Planalto, Lira nega, nos bastidores, qualquer movimentação nesse sentido.
Caso essa mudança se concretize, Isnaldo Bulhões, deputado federal e líder do MDB na Câmara, é um dos nomes cogitados para substituir Alexandre Padilha na articulação política do governo. Essa possibilidade reflete a tentativa de reconfigurar o governo para melhorar a governabilidade. Bulhões possui bom trânsito no Congresso, uma boa relação com Lula e uma estreita colaboração com Hugo Motta, futuro presidente da Câmara dos Deputados.
Líderes do bloco alertam que a mera distribuição de cargos não será suficiente para resolver os desafios de governabilidade enfrentados pelo governo. Eles enfatizam questões estruturais, especialmente nas áreas econômica e na relação de credibilidade com o Congresso.
As mudanças no governo, que vêm sendo discutidas e pressionadas por aliados, têm como objetivo ajustar a política de Lula com vistas às eleições de 2026. Uma das estratégias é que o clima entre o presidente e o Congresso melhore com a eleição de Hugo Motta para a presidência da Câmara, substituindo Arthur Lira.
Membros da bancada federal consultados pela Gazeta apontam que há uma tendência de que os bastidores se tornem realidade.
GLEISI
Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicam que ele está considerando a possibilidade de nomear Gleisi Hoffmann para a Secretaria-Geral da Presidência, cargo atualmente ocupado por Márcio Macêdo. A entrada de Gleisi no governo é vista como uma estratégia para resolver a sucessão da legenda.
Para os aliados da candidatura de Edinho Silva à presidência do PT, é crucial que Lula defina o futuro de Gleisi como parte do processo de escolha do novo líder do partido. A presença de Gleisi no governo poderia, assim, desmotivar o surgimento de outras candidaturas, evitando possíveis divisões dentro da legenda.
Interlocutores do presidente acreditam que Gleisi Hoffmann mantém uma boa relação com movimentos sociais e já provou sua capacidade de mobilizar a esquerda. O cargo de Secretaria-Geral, responsável pela interlocução com a sociedade civil, é considerado estratégico para o governo, o que torna a possível nomeação de Gleisi ainda mais relevante.