O negócio fechado por Arthur Lira com uma família do interior de Alagoas corrobora com às suspeitas da Polícia Federal (PF) dos pagamentos de despesas pessoais do presidente da Câmara por um assessor dele, investigado por desvio de dinheiro.
Papéis apreendidos durante a Operação Hefesto, deflagrada no início do mês para apurar fraudes na compra de kits de robótica com dinheiro do Ministério da Educação, indicam que o mesmo assessor apontado como integrante do esquema administrava um caixa usado para custear contas de Lira. O fundo federal das verbas usadas para a aquisição dos kits era administrado, à época dos desvios, por conexões do Progressistas, antigo PP, partido do presidente da Câmara. A PF suspeita que o esquema ia além e incluía dinheiro desviado de outros órgãos administrados pela legenda.
Os documentos apreendidos estavam com Luciano Cavalcante, faz-tudo de Lira, e com o motorista dele, Wanderson de Jesus. No papelório havia uma série de valores relacionados ao nome “Arthur”. Várias das cifras indicam tratar-se, de fato, de despesas do presidente da Câmara, como contas de um hotel em São Paulo onde Lira costuma se hospedar, além de gastos com automóveis e até com sessões de fisioterapia do pai do deputado. Mas uma delas, em especial, não deixa margem para dúvidas e revela a rotina de pagamentos de contas particulares de Lira com dinheiro em espécie, a compra, pelo presidente da Câmara, de um pedaço de terra no interior de Alagoas.
Entre os documentos encontrados pelos policiais com Wanderson havia uma folha manuscrita na qual um casal do município de São Sebastião, a 120 quilômetros de Maceió, declara ter recebido R$ 40 mil como pagamento por uma área com cerca de 50 mil metros quadrados. À PF, Wanderson declarou que fazia os pagamentos em dinheiro a mando de Luciano Cavalcante, o assessor de Lira para quem dirigia.
Endereços de Luciano foram alvo de buscas na operação deflagrada pela PF no início deste mês, foram visitados por entregadores de dinheiro que serviam ao esquema de desvio de verbas públicas e atuavam em Brasília e Maceió. A partir da descoberta dos papéis nos quais aparecem as menções ao nome “Arthur”, a investigação subiu da Justiça Federal de Alagoas para o Supremo Tribunal Federal, onde devem correr os casos que envolvem congressistas, em razão do foro privilegiado.
Referindo-se, genericamente, aos valores listados nos documentos apreendidos pela PF, Lira disse em nota distribuída no início da semana que os recursos utilizados para o pagamento de suas despesas têm origem no salário que recebe como deputado e nos ganhos que tem como agropecuarista. “Toda movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, têm origem nos seus ganhos como agropecuarista e na remuneração como deputado federal”, afirma a nota.
Fonte – Agora Alagoas