Mais uma vez a falta de água é personagem principal na Assembleia Legislativa de Alagoas, em Audiência Pública, proposta pela Deputada Estadual Gabi Gonçalves (PP), nesta segunda-feira (15). A solenidade contou com a presença de diversas autoridades, dentre eles gestores e vereadores dos municípios que compõem a região metropolitana de Alagoas, órgãos governamentais e milhares de cidadãos que participaram no plenário e no estacionamento da Casa Tavares Bastos.
Presidindo a sessão pública com o tema: Falta de água, bem como o valor das tarifas das tarifas implementadas na região metropolitana de Alagoas, a Deputada Gabi Gonçalves (PP) iniciou suas palavras relatando o descaso e sofrimento causado aos cidadãos de Rio Largo, sua terra natal, e também de outros municípios pela má prestação de serviços da empresa BRK Ambiental “Não há nada mais simbólico hoje do que essa garrafa d’água”, declarou a parlamentar enquanto segurava uma garrafa plástica com água turva e de aparente má qualidade, retirada da torneira de uma casa no bairro Trapiche, em Maceió.
“São pessoas em vulnerabilidade, que convivem com o drama de sair de casa, deixar sua família totalmente desorganizada para encontrar água em outro lugar, além de ter crianças com as mãos calejadas, com problemas de coluna, porque precisam ajudar seus pais em busca de água potável. A falta d’água, retira a vida, a esperança e a dignidade. Estamos aqui para cobrar explicações e soluções, acima de buscar culpados ou apontar dedos. Nosso povo clama por socorro”, afirmou Gabi Gonçalves.
Os deputados Cabo Bebeto, Delegado Leonam, Fernando Pereira e Alexandre Ayres compuseram a mesa de honra, além do prefeito Gilberto Gonçalves, do procurador Magno Moura, do Presidente da empresa BRK Ambiental, Herbert Dantas, do vereador e presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Maceió que investiga a BRK, João Catunda.
A má prestação de serviço da empresa BRK Ambiental, vencedora do leilão bilionário para concessão de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Alagoas, tem causado revolta em diversos habitantes, que passam dias, semanas e até meses sem água. “Essa é a primeira vez que tenho voz em uma Assembleia Legislativa. Semana passada, passei três dias sem água. Sem contar que você não pode confiar na qualidade da água, precisa comprar galões de água mineral para poder viver”, contou Francis Farias, líder comunitária do bairro de Ponta Grossa.
O prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, esteve presente e enfatizou a necessidade de um plano de ação com urgência, colocando a Prefeitura de Rio Largo à disposição. “Esse é um momento de debate muito importante, mas precisamos de soluções. Quando falta água, falta comida, falta saúde, falta dignidade. A péssima prestação de serviço da BRK é inadmissível. Eu não aguento mais ver meu povo sofrer”, alegou o Prefeito.
O debate incluiu também as altas tarifas na Região Metropolitana de Alagoas, os critérios para cobrança da tarifa social e outros procedimentos técnicos usados para a medição do quantitativo da água. O promotor Magno Moura, representante do Ministério Público de Alagoas, relatou o sofrimento daqueles que recorrem ao órgão para reclamar das tarifas, citando o caso de uma mãe solteira que viu sua conta mensal ultrapassar R$400. “Ela recebe um salário mínimo, a filha fica na escola, ela trabalha o dia inteiro e garante que não consome tudo isso. Mas a BRK disse que era a cidadã quem deveria comprovar que a conta estava errada”, relatou o promotor, afirmando que um procedimento investigatório do MP identificou falhas na prestação de serviço.
Representando o município de Santa Luzia do Norte, o prefeito Márcio Lima descreveu que até agora não viu nenhum investimento ou melhora no sistema de abastecimento da cidade. “60% da água de Santa Luzia é bancada pelo município. A gente precisou investir muito em poços artesianos para dar dignidade ao povo, eu não posso deixar a população à mercê da BRK”, disse.
O Diretor-Presidente da BRK Ambiental em Alagoas, Herbert Dantas esteve presente representando a Empresa concedente, e apresentou justificativas quanto a prestação de serviços e tarifas “A Casal continua responsável pela produção de água aqui na Região Metropolitana, dada essa configuração existem muitos poços que ainda produzem água e entrega pra gente poder distribuir e como é um sistema muito sensível a variação de energia, com a falta dela ocorre também a falta de água. Então esse problema só irá ser solucionado com a desativação desses poços e substituição por estações de tratamento de água”, explicou.
A Audiência Pública seguiu ouvindo mais relatos dos moradores, líderes comunitários, representantes da sociedade civil que constatam o serviço ineficiente de distribuição de água que assola a região metropolitana de Alagoas.