O Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação para apurar possíveis falhas nas políticas de saúde pública em Alagoas, após a declaração de surto de doença meningocócica pelo Ministério da Saúde no segundo semestre de 2023. Especialistas alertam que a meningite em Alagoas se tornou uma endemia, com casos contínuos e picos ocasionais.
Em uma reunião realizada na última sexta-feira, 26, o MPF e especialistas em saúde discutiram ações urgentes para enfrentar a endemia da doença meningocócica tipo B, que afeta principalmente crianças menores de quatro anos. Dados apresentados revelam que a letalidade da doença em Alagoas é significativamente maior do que a média nacional. Em 2023, a taxa de letalidade foi de 32%, enquanto em 2024 já atingiu 50%. No primeiro semestre de 2024, o estado registrou 36 casos de meningite, dos quais 13 foram fatais.
O inquérito civil nº 1.11.000.000471/2023-83, conduzido pelo MPF, visa assegurar que medidas concretas sejam adotadas para combater a endemia e proteger a saúde das crianças em Alagoas. Entre as medidas discutidas na reunião estão o fortalecimento da vacinação, a coleta de sangue nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a contratação de laboratórios para análises adequadas.
A reunião também destacou a necessidade de inclusão da vacina meningocócica tipo B no Sistema Único de Saúde (SUS) para bebês e crianças de até dois anos. Especialistas criticaram a justificativa do Ministério da Saúde de que a vacina não seria eficaz em Alagoas, argumentando que estudos internacionais indicam sua eficácia em cenários epidemiológicos semelhantes. Além disso, a reunião abordou a importância de monitorar as crianças sobreviventes da meningite que enfrentam sequelas físicas e neurológicas, e a urgência de uma audiência pública em agosto para discutir a inclusão da vacina na rede pública.