O Ministério Público de Alagoas abriu um procedimento para apurar a realização de episiotomia no Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a episiotomia, um corte no períneo durante o parto, deve ser realizada apenas em casos excepcionais.
A investigação aponta para uma prática comum de realizar episiotomia em um número elevado de partos em hospitais públicos de Alagoas, sem o devido consentimento das pacientes.
Para combater a prática irregular, o MPF determinou que os hospitais Carvalho Beltrão e Dr. Clodolfo Rodrigues informem as gestantes sobre os riscos da episiotomia e justifiquem o procedimento por escrito.
A fim de determinar o número exato de mulheres que passaram por episiotomia, os hospitais foram solicitados a fornecer dados detalhados sobre o procedimento nos anos de 2020 e 2021, mas até o momento não houve resposta.
Sem obter os dados solicitados, o MPF encaminhou o caso para o MPE, pedindo que a 2ª Promotoria de Justiça de Santana do Ipanema apure as irregularidades no hospital.
O promotor Alex Almeida destacou o projeto “Boa Hora” como uma iniciativa do Ministério Público para prevenir a violência obstétrica.
“Esse tipo de procedimento pode causar lesões sérias, razão pela qual temos de agir para evitar abusos e maus-tratos contra a gestante na hora do parto. Se os dirigentes de uma unidade de saúde têm conhecimento da prática em suas unidades, geram protocolos internos para que a episiotomia seja realizada então, devem ser responsabilizados por quaisquer consequências que venham vitimar as parturientes”, explicou o promotor.
As consequências do corte cirúrgico podem ir além da dor inicial, podendo levar a problemas a longo prazo como infecções, dificuldade para controlar a urina ou as fezes, dor durante o sexo e até mesmo fístulas.