O Partido dos Trabalhadores (PT) avalia que o Partido Liberal (PL) está cada vez mais isolado na Câmara dos Deputados após sua tentativa de obstruir a votação do Projeto de Lei da Reciprocidade. Diante desse cenário, lideranças petistas enxergam uma oportunidade para ampliar alianças com o Centrão e fortalecer a base do governo.
O PL tem utilizado a obstrução como estratégia para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. No entanto, de acordo com lideranças governistas, essa tática não deve prosperar, deixando o partido cada vez mais isolado no parlamento.
O PT, por sua vez, pretende usar esse momento para estreitar laços com a chamada “bancada do boi” e reforçar sua base aliada, especialmente entre os integrantes do Centrão. Nesse contexto, petistas voltaram a defender a indicação de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, para o Ministério da Agricultura.
A nomeação de Lira é vista como um movimento estratégico para aproximar o governo do agronegócio e reduzir atritos com a bancada ruralista, que tem criticado a atuação do atual ministro, Carlos Fávaro (PSD). Além disso, Lira ainda exerce forte influência no Centrão, o que poderia garantir maior apoio ao governo no Congresso Nacional.
O Projeto de Lei da Reciprocidade, que contou com apoio do agronegócio e do governo, busca combater barreiras comerciais impostas a produtos brasileiros e fortalecer o Brasil em negociações internacionais. O texto também é considerado uma resposta ao “protecionismo verde” adotado por países europeus.Paralelamente, líderes do setor agropecuário têm mantido contato direto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Durante a recente suspensão de linhas de crédito do Plano Safra, representantes do agronegócio negociaram soluções com a equipe econômica, diante do atraso na aprovação do Orçamento de 2025.
Com a movimentação política em curso, o PT busca consolidar sua base de apoio no Congresso e reduzir resistências de setores estratégicos, ao mesmo tempo em que o PL enfrenta dificuldades para impor sua agenda legislativa.