Nesta segunda-feira (28), Maceió recebe a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que participará de uma audiência pública para tratar dos impactos sociais e econômicos do desastre ambiental provocado pela Braskem, com foco especial nas mulheres que dependem da pesca artesanal. A visita é fruto de uma articulação da deputada estadual Fátima Canuto.
A reunião, marcada para as 14h na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), terá como eixo central a construção de políticas públicas que respondam aos desafios enfrentados pelas pescadoras e marisqueiras afetadas. Entre os temas em debate estão segurança alimentar, direitos previdenciários, saúde pública, combate à violência e ao preconceito de gênero.
A presença da ministra reforça a atenção federal a uma crise que ainda devasta vidas e meios de subsistência em Alagoas. Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, o estado tem hoje cerca de 20.643 pessoas vivendo da pesca artesanal, das quais 58% são mulheres — um contingente que representa aproximadamente 12 mil alagoanas.
Em fevereiro deste ano, Cida Gonçalves já havia visitado a Colônia de Pesca de Bebedouro, uma das áreas mais afetadas pela instabilidade do solo e deslocamento de famílias, consequências diretas da exploração descontrolada de sal-gema pela mineradora. Na ocasião, ela ouviu relatos emocionados sobre a perda de territórios, de renda e de direitos básicos.
O encontro desta segunda-feira se insere num contexto mais amplo de responsabilização da Braskem. A mineradora é alvo de diversas ações judiciais que questionam seu papel nos afundamentos de bairros inteiros da capital alagoana. A Justiça recentemente manteve a empresa como ré em processos relacionados à criação de um novo cemitério para vítimas do desastre e exigiu provas de que não houve novos danos em áreas vizinhas.
Em meio às batalhas judiciais e à reconstrução da vida dos atingidos, a audiência pública promete dar visibilidade às histórias das mulheres que sustentavam suas famílias com o trabalho no mar e agora lutam para serem ouvidas.