
O mercado financeiro mantém a perspectiva de inflação acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para os próximos dois anos, de acordo com o relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central (BC). Para 2024, a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi ajustada para 4,9%, enquanto para 2025 subiu para 4,96%.
A meta de inflação definida pelo CMN é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que coloca o teto em 4,5%. Com as novas projeções, a estimativa do mercado indica um provável estouro da meta tanto em 2024 quanto em 2025.
Além das projeções de inflação para 2024 e 2025, o relatório Focus estima os seguintes índices para os anos seguintes:
2026: 4,01%
2027: 3,83%
A elevação nas previsões inflacionárias ocorre em meio a uma economia que, segundo os mais de 100 analistas consultados pelo BC, deverá crescer 3,49% neste ano.Para conter a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, na última reunião do ano, elevar a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano. A medida superou a expectativa do mercado, que previa uma alta de 0,75 ponto percentual. Segundo o Focus, a Selic deverá alcançar 14,75% em 2025.
A moeda norte-americana também tem registrado valorização. Na semana passada, o dólar chegou a ser cotado a R$ 6,19, impulsionado pela divulgação de um pacote econômico pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que incluiu a revisão de gastos públicos e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil.
No relatório Focus anterior, o mercado projetava o dólar a R$ 6,00 no fim de 2024. A nova estimativa subiu para R$ 6,05, refletindo incertezas econômicas e os impactos das medidas fiscais adotadas pelo governo.
Com inflação projetada acima da meta, juros elevados e o dólar pressionado, o cenário econômico de 2024 aponta desafios para o controle dos preços e a retomada do crescimento sustentável. A próxima reunião do Copom, marcada para 28 e 29 de janeiro, será acompanhada de perto por analistas e investidores em busca de sinais sobre o rumo da política monetária no próximo ano.