Maria Gabriela da Silva, de 4 anos, morreu na noite desta terça-feira (21), após mais de 20 dias internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). A menina foi uma das nove pessoas que ingeriram arroz envenenado com terbufós, substância tóxica presente em pesticidas e similar ao chumbinho, em um almoço de Ano-Novo em Parnaíba, litoral do Piauí.
A morte de Maria Gabriela foi confirmada pelo HUT nesta quarta-feira (22). Internada desde 3 de janeiro, ela estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica e sofreu piora no estado de saúde nas últimas 24 horas.
Além dela, sua mãe, dois irmãos e um tio já haviam falecido pelo envenenamento. Outros dois irmãos da menina, Ulisses Gabriel e João Miguel Silva, de oito e sete anos, morreram em 2024 sob circunstâncias semelhantes.
O arroz envenenado foi preparado como parte de um baião de dois para a ceia de réveillon. As vítimas começaram a passar mal logo após o consumo. Entre os nove que ingeriram o alimento, cinco faleceram e quatro receberam alta.
O principal suspeito do crime é Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe de Maria Gabriela, que está preso temporariamente desde 8 de janeiro. Francisco nega envolvimento no crime, mas admitiu à polícia ter “nojo e raiva” da enteada e de seus filhos.
Laudos periciais confirmaram a presença de terbufós, um veneno altamente tóxico e de venda proibida no Brasil. A substância causa efeitos graves no sistema nervoso, como tremores, convulsões e insuficiência respiratória, que podem levar à morte.
Francisco também é investigado pela morte dos irmãos Ulisses Gabriel e João Miguel Silva, ocorridas em 2024. Na época, a vizinha Lucélia Maria da Conceição Silva chegou a ser presa sob suspeita de envenenar as crianças. No entanto, um laudo emitido cinco meses depois afastou essa possibilidade, levando à soltura de Lucélia.
Com a confirmação do uso de terbufós nas mortes mais recentes, a polícia agora busca conexões entre os casos. A Justiça concedeu um prazo até sexta-feira (24) para que a polícia responda se a demora no laudo anterior prejudicou as investigações.Uma audiência de instrução e julgamento está marcada para quinta-feira (23) e pode definir os próximos rumos do processo.
Nota do HUTA direção do Hospital de Urgência de Teresina emitiu uma nota lamentando a morte de Maria Gabriela:
“A direção do HUT informa que a menor M.G.S, de 4 anos, veio a óbito na noite de ontem. A direção informa que todos os esforços foram realizados para o pronto restabelecimento da menor, lamenta o ocorrido e se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor.”