O senador Renan Calheiros (MDB), por meio de seu partido e dos aliados que possui, conseguiu firmar a estratégia de oposição sólida – e com substância – ao prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL).
Obviamente que esta oposição não se limita às eleições do próximo ano, quando JHC disputará a reeleição. Calheiros – exímio enxadrista que é – visa também o ano de 2026, quando o prefeito do PL (caso reeleito) pode ser um adversário forte, seja disputando o governo estadual ou uma das cadeiras do Senado Federal.
Ou seja: ainda que JHC confirme seu favoritismo em 2024, é preciso que ele tenha dificuldades para ampliar projetos políticos em Alagoas, quiçá possa ter sua trajetória marcada por uma inelegibilidade em função de futuros processos judiciais.
A “guerra” é mais longa e mais ampla. Mas, o fato é que o MDB tem tido uma estratégia cirúrgica e o principal elemento tem sido a compra do “Hospital do Coração”, pela Prefeitura de Maceió, ao já conhecido valor de R$ 266 milhões, com recursos oriundos da indenização paga pela Braskem. Se há algo de errado nesta transação, eis algo do Ministério Público Estadual (MPE) de Alagoas pode – e deve! – esclarecer.
À oposição cabe o cerco. É o que Renan Calheiros tem articulado. Para isso, o MDB já conta com seus “soldados” na Câmara Municipal de Maceió; foi utilizado até mesmo o PSB que se encontra sob influência do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB) e por aí vai. O prefeito JHC tem buscado dar o troco com processos contra Calheiros, por exemplo, por conta das falas mais agressivas do senador emedebista.
Todavia, assim é Calheiros: se há fumaça de irregularidades de algo contra seus adversários, o senador-enxadrista já considera fogo. Porém, se esta mesma fumaça é contra seus aliados ou pessoas de seus interesses políticos: o bravo e combativo senador Renan Calheiros coloca sua mão no fogo pela santidade dos amigos, colocando-os como “perseguidos”, haja vista que assim foi na defesa de Paulo Dantas, quando o governador foi acusado de liderar um esquema que desviava recursos da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas.
A indignação de Calheiros soa seletiva, cirúrgica, específica e norteada pelos contextos dos dividendos políticos que o discurso lhe gere. Até aí, sem novidades… Agora, que o MDB consegue gerar o desgaste de JHC? Sim, consegue! Afinal, sabemos bem de onde saiu a estratégia do “Maceió sem H”, não é mesmo? Política, política, política…
Neste campo, repito!, Renan Calheiros é um enxadrista.
Se o desgaste é o suficiente para influenciar as eleições já no próximo ano, aí é outra história… Mas, como dito acima: há o curto, médio e longo prazo nas batalhas dos grupos políticos que atualmente se desenham em Alagoas.
Em relação ao pleito de 2024, há um outro problema que o MDB enfrenta: não basta desgastar JHC. É preciso ter nomes para enfrentá-lo nas urnas, com forte densidade eleitoral. Atualmente, conforme as mais recentes pesquisas eleitorais, o “ninho emedebista” não possui, tendo – inclusive – que pensar em uma estratégia de várias candidaturas à Prefeitura oriundas da base palaciana de Paulo Dantas. Diante disto, a possibilidade – por exemplo – do secretário estadual de Infraestrutura, Rui Palmeira (PSD), disputar o Executivo municipal.
Os nomes do MDB – nas recentes pesquisas – sofrem dificuldades para atingir dois dígitos percentuais. Aliás, por sinal, essa é uma característica histórica do “ninho emedebista”: limitar os voos dos seus integrantes à sombra calheirista. Aquele que ousa ir além enfrenta diversas dificuldades, como ocorreu recentemente com o atual prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa. É que o MDB não se renova para além dos limites estabelecidos pelo enxadrista-mor da legenda.
Mas, para ser justo, essa é uma característica do “caciquismo” alagoano. Não seria diferente se outros caciques dispostos neste xadrez político tivessem alcançado o patamar que o hoje ocupa Renan Calheiros.
Fonte – Cada Minuto