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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em depoimento que repassou US$ 86 mil em espécie ao ex-presidente, resultado da venda de joias recebidas por Bolsonaro enquanto estava no cargo. O dinheiro teria sido entregue de forma fracionada, em diferentes ocasiões, entre 2022 e 2023.
Segundo Cid, Bolsonaro manifestou preocupação com multas judiciais e despesas pessoais, incluindo valores decorrentes de um processo movido pela deputada Maria do Rosário (PT-RS), custos com mudanças e transporte de acervo, além de multas de trânsito por não usar capacete em motociatas.
Diante da situação, Bolsonaro teria solicitado a Cid que verificasse quais presentes de alto valor poderiam ser vendidos. O ex-ajudante de ordens então recebeu a “determinação” de negociar um kit de joias e contou com a ajuda do pai, o general da reserva Mauro César Lourena Cid, para encontrar compradores.
Repasses a Bolsonaro
O montante arrecadado com a venda das joias foi entregue a Bolsonaro em quatro momentos:
- Setembro de 2022 – US$ 30 mil foram repassados ao ex-presidente durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.
- Final de 2022 – US$ 10 mil foram entregues em Brasília, durante um evento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
- Fevereiro de 2023 – US$ 20 mil foram dados a Bolsonaro durante uma visita à residência do general Lourena Cid, em Miami.
- Março de 2023 – O restante do valor foi entregue pelo assessor Osmar Crivelatti.
O depoimento de Mauro Cid faz parte das investigações da Polícia Federal sobre o suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas por Bolsonaro durante o governo. O caso segue sob análise das autoridades.