Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (28) pelo instituto Paraná Pesquisas revela que 70,8% dos brasileiros que tomaram conhecimento da condenação de Débora Rodrigues dos Santos a 14 anos de prisão consideram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) “injusta”.
Débora, uma cabeleireira de 39 anos, foi condenada por pichar com batom a estátua “A Justiça”, localizada em frente ao prédio do STF, durante os atos extremistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Na escultura, ela escreveu a frase “perdeu, mané” — uma referência à declaração feita pelo atual presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, em 2022.
A pesquisa entrevistou 2.020 eleitores entre os dias 16 e 19 de abril, em 160 municípios dos 26 Estados e do Distrito Federal. O levantamento tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais e grau de confiança de 95%. Apenas 25,7% dos entrevistados disseram concordar com a condenação, e 3,6% não souberam ou não quiseram opinar.
Débora tornou-se ré no STF em agosto de 2024, por decisão unânime da 1ª Turma, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Presa preventivamente desde março de 2023, ela foi transferida para prisão domiciliar em março de 2025, após parecer favorável da Procuradoria-Geral da República.
Ela foi detida durante a 8ª fase da operação Lesa Pátria, que investiga os responsáveis pela invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. A defesa alega que Débora não estava armada e usou apenas um batom para fazer a pichação.
Percepção sobre os atos de 8 de Janeiro
O levantamento também investigou a opinião pública sobre os atos do 8 de Janeiro. Para 35,9% dos entrevistados, os acontecimentos foram um “ato irresponsável por não concordar com o resultado da eleição” presidencial de 2022. Já 29,5% acreditam que foi uma “tentativa de golpe de Estado para tomar o poder”, enquanto 27,9% classificaram o episódio como simples “vandalismo e quebra-quebra”.
A condenação de Débora reacende o debate sobre a proporcionalidade das penas aplicadas aos envolvidos nos atos antidemocráticos, dividindo opiniões entre os que defendem punição exemplar e os que enxergam exagero nas decisões judiciais.