O presidente da França, Emmanuel Macron, classificou nesta quinta-feira (5) como “inaceitável do jeito que está” o projeto de acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul. A declaração foi divulgada pelo Palácio do Eliseu e reforçada por uma mensagem no X (antigo Twitter), onde a presidência francesa reafirmou o compromisso de “defender incansavelmente a soberania agrícola” do país.
A oposição ao acordo reflete preocupações do setor agrícola francês, que teme que a abertura do mercado europeu a produtos do Mercosul, como carne e soja, possa prejudicar produtores locais devido a questões de competitividade e padrões ambientais.
A França conseguiu atrair o apoio da Polônia contra o acordo e também pode contar com a Itália, aumentando a pressão dentro do bloco europeu. No entanto, a posição sobre o tratado permanece dividida. Enquanto países como Espanha, Portugal e Alemanha defendem a rápida conclusão do acordo, França e Polônia lideram o movimento contrário.
Na quarta-feira (4), Olof Gill, porta-voz da Comissão Europeia para Assuntos Comerciais, reconheceu a complexidade do processo de ratificação. “Qualquer acordo comercial deve ser ratificado, mas existem diferentes opções quanto ao tipo de processo de ratificação. Existem precedentes de diferentes tipos de acordos”, afirmou.
O acordo UE-Mercosul, anunciado politicamente em 2019, busca eliminar grande parte das taxas alfandegárias entre os blocos, criando um mercado comum que abrangeria mais de 700 milhões de consumidores. Além das questões comerciais, o projeto inclui capítulos sobre cooperação, investimentos e compromissos políticos, como o respeito a padrões ambientais e direitos humanos.
No entanto, o acordo enfrenta resistências devido à percepção de que ele poderia favorecer práticas agrícolas menos sustentáveis nos países do Mercosul, ao mesmo tempo em que comprometeria os padrões europeus.
Com as divisões internas na UE e a falta de um processo de ratificação definido, o futuro do acordo permanece incerto. A pressão de ambos os lados – tanto dos países que apoiam quanto dos que rejeitam a proposta – deve intensificar os debates nas próximas semanas, enquanto o Mercosul aguarda desfechos que impactarão diretamente suas economias.