Na primeira reunião ministerial de 2025, realizada nesta segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endureceu o tom com seus auxiliares, apontou falhas recentes e reforçou a necessidade de maior controle sobre atos normativos dos ministérios. Sem mencionar diretamente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula criticou a recente medida da Receita Federal relacionada ao Pix, que desencadeou uma crise para o governo, e destacou o papel do chefe da Casa Civil, Rui Costa, como o principal responsável por revisar portarias e outras ações das pastas.
“Daqui para frente nenhum ministro vai poder fazer portaria que crie confusão sem que passe pela Presidência, através da Casa Civil. Muitas vezes a gente pensa que não é nada, mas, daqui a pouco, arrebenta e cai na Presidência da República”, afirmou Lula durante o encontro realizado na Granja do Torto, residência oficial da Presidência.
A declaração de Lula ocorre após a polêmica envolvendo uma instrução normativa da Receita Federal, que obrigava instituições financeiras a informar movimentações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas, inclusive via Pix. A medida foi alvo de desinformação e gerou forte repercussão negativa, levando o governo a revogá-la e a editar uma medida provisória para assegurar que o Pix não será taxado.
O episódio desgastou o ministro Fernando Haddad e levantou preocupações dentro do governo sobre falhas na comunicação. A crise foi vista como um alerta, especialmente com a proximidade das eleições de 2026, quando Lula pode buscar a reeleição.
Mudanças na comunicação e foco em entregasCom duração de sete horas, a reunião ministerial marcou um momento de reorganização do governo para os próximos dois anos. A nova gestão da comunicação, liderada por Sidônio Palmeira, terá como meta aumentar a popularidade do presidente e fortalecer a narrativa de entregas ao povo brasileiro.
Em seu discurso, Lula destacou que as demandas da população mudaram desde os anos 1980 e que o governo precisa se adaptar a uma nova realidade.
“O povo de hoje está virando empreendedor. Precisamos aprender a trabalhar com essa nova formação do povo brasileiro”, disse o presidente, ressaltando que é hora de consolidar os programas já existentes em vez de criar novos.
Lula também reforçou que o governo precisa ser “exigido” e cobrou resultados concretos de seus ministros.
“Esse será um ano de definição na história e na biografia de cada um de vocês”, declarou.
Admitindo que seus adversários já estão em campanha para 2026, Lula afirmou que o governo não pode cometer erros e que “2026 já começou”. “Eles já estão em campanha. Nós não podemos antecipar a nossa, porque temos de trabalhar e entregar ao povo o que ele precisa”, afirmou.
Com a expectativa de uma reforma ministerial, Lula indicou que avaliará individualmente o desempenho de seus auxiliares, priorizando mudanças em setores que considera insatisfatórios e buscando fortalecer a base aliada no Congresso Nacional.
A reunião marcou o início de um ano que promete ser decisivo para o governo, com foco na entrega de resultados e na preparação estratégica para os desafios eleitorais que se aproximam.