Em uma reunião ministerial realizada na última segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não descarta a possibilidade de apoiar um sucessor para a eleição presidencial de 2026. A declaração, publicada pelo jornal Valor Econômico, gerou apreensão entre aliados e integrantes da cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT), que avaliam como a falta de um plano B pode comprometer a liderança da aliança de centro-esquerda encabeçada pela sigla.
Lideranças petistas manifestaram preocupação com a ausência de um nome preparado para assumir o protagonismo caso Lula decida não concorrer. Entre os possíveis sucessores cogitados estão Fernando Haddad (ministro da Fazenda), Camilo Santana (ministro da Educação) e Rui Costa (ministro da Casa Civil). Entretanto, uma importante figura do partido afirmou: “Nenhum dos três está pronto para liderar a sigla na corrida presidencial”.
Uma liderança do Centrão destacou que a ausência de Lula na chapa poderia dificultar a manutenção das alianças de centro. “Sem Lula, será muito difícil atrair as forças de centro, mesmo que o governo esteja bem avaliado. Sua presença é decisiva para evitar que adversários ganhem força”, pontuou.
Durante a reunião, Lula também destacou que fatores externos, como sua saúde, influenciarão sua decisão sobre concorrer em 2026. O presidente lembrou episódios recentes, como um incidente envolvendo seu avião e uma cirurgia após uma queda doméstica. Segundo relatos de dois ministros, Lula ressaltou que a continuidade de sua candidatura dependerá das condições de saúde e da necessidade de “melhorar as entregas” do governo.
A comparação com o caso do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teria prejudicado a candidatura de sua vice, Kamala Harris, ao adiar a decisão de não concorrer à reeleição, foi mencionada por Lula. A citação reforçou as preocupações entre petistas sobre a necessidade de preparar um plano alternativo.
Dirigentes do PT avaliaram que os possíveis sucessores precisam se conectar melhor com a população. Haddad, por exemplo, foi criticado por priorizar uma comunicação voltada ao mercado em detrimento das demandas populares. “Ele deveria se dirigir mais à população e menos ao mercado”, destacou um dirigente.
Apesar das especulações, lideranças do partido enfatizam que Lula deseja concorrer em 2026 e que nenhum integrante do PT tem autorização para se articular como alternativa. “Se a eleição fosse hoje, ninguém além de Lula teria condições de representar o PT”, afirmou um membro da direção.
A fala de Lula ocorre em um momento de intensificação do debate eleitoral pela oposição. Durante a reunião, que teve trechos transmitidos ao vivo, o presidente afirmou: “2026 já começou. Só ver o que vocês assistem na internet para ver que já estão em campanha”. Nos trechos reservados, ele cobrou mais entregas e uma maior divulgação das ações governamentais para preparar o terreno para sua própria candidatura ou para a eventual escolha de um sucessor.