Na abertura da Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os elevados gastos militares em um momento em que a fome e a pobreza ainda afetam milhões de pessoas ao redor do mundo. O encontro, que reúne as maiores economias globais, teve como um dos temas centrais o combate à desigualdade e à crise climática.
Lula destacou a discrepância entre os investimentos em conflitos armados e a falta de atenção à grave situação de subnutrição que ainda atinge a população global. “É inadmissível que, em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, ainda convivamos com a fome. Em um mundo cujos gastos militares somam 2,4 trilhões de dólares, isso é inaceitável”, afirmou o presidente.
O discurso também abordou os impactos devastadores das guerras, do aquecimento global e das desigualdades sociais, que têm se intensificado desde a pandemia de Covid-19. “Constato com tristeza que o mundo está pior: Temos o maior número de conflitos armados desde a 2ª Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada”, disse Lula.
O presidente propôs uma ação conjunta para reverter esse quadro, apresentando a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza como uma das prioridades de sua presidência no G20. Segundo ele, a aliança visa unir países e organizações internacionais em políticas públicas eficazes para combater a fome e a pobreza. “Com a Aliança, vamos articular políticas públicas eficazes e fontes de financiamento. A fome e a pobreza são produtos de decisões políticas, e a nossa tarefa aqui é mudar essa realidade”, afirmou.
Lula também destacou os avanços do Brasil nos últimos anos, lembrando que, em 2014, o Brasil foi retirado do Mapa da Fome da FAO. “Foi com tristeza que, ao voltar ao governo, encontrei um país com 33 milhões de pessoas famintas. Mas em um ano e onze meses, já conseguimos retirar 24,5 milhões de pessoas da extrema pobreza”, afirmou.
Ao apresentar a Aliança Global, Lula enfatizou a necessidade de envolver todos os países, especialmente os mais vulneráveis, na luta contra a fome. A iniciativa já conta com o apoio de 81 países, 26 organizações internacionais e diversas ONGs e instituições financeiras.
Além da questão da fome, a cúpula do G20 também tratará da reforma das instituições globais, com destaque para as Nações Unidas, e do papel das cidades na adaptação às mudanças climáticas. “As cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, são as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Precisamos de financiamento global para apoiar as ações de transição ecológica”, alertou Lula.
O evento conta com a presença de líderes de várias partes do mundo, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente da França, Emmanuel Macron. A expectativa é que a cúpula seja marcada por compromissos concretos para a implementação de políticas globais de combate à fome, à pobreza e às mudanças climáticas.