Há muitas semelhanças entre o senador Renan Calheiros (pai) e o ex-presidente José Sarney.
Talvez a mais evidente seja a resiliência, a capacidade de passar por crise que pareceriam definitivas para a maioria, mergulhar e reaparecer do outro lado, e ainda dentro do núcleo do poder.
Há diferenças, sim, por exemplo, Sarney é um intelectual, o que é muito raro entre os políticos de hoje – e o próprio Calheiros sabe disso: acredita somente na “universidade da vida”.
Mas sempre que se viu encurralado, o senador alagoano se aconselhou com o ex-presidente. Nas crises, Calheiros se aconselhava com ele – inclusive no caso Mendes Júnior.
Não perdeu nada com isso: resistiu quando parecia impossível e ainda está por aí, transitando em alguns dos gabinetes mais importantes da República.
Em entrevista a O Globo, ontem, ele revelou um pouco do que pensa dos tempos de agora.
Separamos alguns trechos da declaração de Sarney:
“A pior coisa que os acontecimentos de 1964 produziram foi a extinção dos partidos, que eram uma formação de líderes. Sem partidos políticos fortes, não há democracia forte.”
“Esse presidencialismo de coalizão leva a muitas acusações de corrupção, porque o presidente tem que aliciar, fazer maiorias e todos têm reivindicações que muitas vezes extrapolam o interesse público.”
“O Brasil tem que superar isso porque casa dividida não prospera. A política se ideologizou muito nos últimos anos e não pode ser uma política de inimigos, e sim de adversários. A política de inimigos era a política do nazismo, do fascismo, do comunismo.”
Fonte – Ricardo Mota / Cada Minuto