O escritor e analista político, Marcelo Bastos, ao EXTRA, ofereceu uma análise das eleições de 2024 em Alagoas, destacando o possível destino político do prefeito de Maceió, JHC, do partido MDB liderado pelos Calheiros, e do governador Paulo Dantas.
Em um breve balanço, Bastos abordou as tendências e desafios que podem moldar o cenário político do estado nos próximos anos. O prefeito JHC, que assumiu o cargo em uma eleição histórica, agora enfrenta seu nome com o escândalo da Braskem.
Do outro lado, o MDB estaria enfraquecido na capital e deve garantir prefeituras no interior de Alagoas. Confira.
EXTRA ALAGOAS – Como avalia o primeiro ano da bancada alagoana na Câmara? Quais os nomes que se destacaram?
MARCELO BASTOS – A nossa bancada na Câmara Federal não tem mais grandes nomes expressivos que tivemos no passado. Hoje, temos uma bancada mais acanhada, uma grande parcela dessa bancada é do baixo clero. Entre os que se destacam está o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, um dos mais influentes da política nacional. Do lado conservador, com intervenções muito fortes nos seus discursos contra o governo federal, temos Alfredo Gaspar (UB) e Fábio Costa (PP). Isnaldinho Bulhões, por ser líder do MDB, é um dos partidos mais fortes da Câmara, é um político hoje que está ganhando renome nacional. E também posso colocar Rafael Brito (MDB), que foi uma grata surpresa, com suas intervenções em comissões. Acho que esses são os nomes que se destacaram neste primeiro ano de legislatura.
EA – Acredita que o conservadorismo vai começar a cair após atingir seu ápice?
MB – O movimento bolsonarista que representa o conservadorismo ainda é muito forte. Bolsonaro, mesmo inelegível até 2030, onde ele chega, arrasta muita gente. Então, ainda é muito forte o conservadorismo. Acho que ainda não cai. Inclusive, as eleições municipais de 2024 serão um teste para isso.
EA – O clã dos Calheiros tem chance de conquistar a prefeitura de Maceió?
MB – Desde as eleições de 1985, o MDB não faz o prefeito aqui em Maceió. Os Calheiros têm uma situação muito confortável no interior de Alagoas, porque inclusive o MDB tem quase 70 prefeitos, mas aqui em Maceió, a situação deles é muito desconfortável. Mesmo com esse desgaste que vem sofrendo o prefeito JHC (PL) em virtude desse acordo que ele fez junto à Braskem, que não priorizou os moradores que foram afetados pela mineração, os Calheiros ainda não têm um candidato à altura. Com certeza, JHC deve se reeleger prefeito de Maceió e mais uma vez os Calheiros serão derrotados aqui. Serão 40 anos de derrota aqui nas eleições da capital. Se não houver nenhum problema a mais com essas minas, acho que ele garante o primeiro turno com folga.
EA – Quem seria o vice-prefeito ideal para disputar ao lado de JHC?
MB – Não tenho dúvida que é o senador Rodrigo Cunha (Podemos). Porque se JHC for reeleito e tiver a intenção de ser candidato ao governo do Estado, ele terá que deixar a prefeitura nas mãos de alguém de confiança. Isso porque ele teria que deixar o cargo para concorrer. Então, se ele deixar a prefeitura para alguém que não seja de confiança pode ficar em situação desfavorável. E além disso, Rodrigo Cunha, como vice-prefeito, deixaria o Senado e quem assumiria a suplente Eudócia Caldas, mãe do prefeito JHC.
EA – Qual a saída do MDB para as eleições municipais em Alagoas?
MB – O MDB vai ser muito forte nas eleições municipais em Alagoas em 2024. O partido tem quase 70 prefeitos e, na ampla maioria das cidades do interior de Alagoas, vai eleger o prefeito e o candidato em que ele apoia de outros partidos. Então, a situação é extremamente confortável. O MDB só não é confortável mesmo em Maceió, que provavelmente o JHC se reeleja. Mas, no geral, vão se consolidar com uma maior força política em Alagoas, não tenho dúvida nenhuma.
EA – E qual o possível futuro de Paulo Dantas?
MB – Paulo Dantas, governador, não pode ser mais candidato à reeleição, porque vai estar com dois mandatos consecutivos e a lei é clara. Ele pode ser candidato a deputado federal, estadual ou ao Senado. Eu acredito, por ser um cara jovem, Paulo Dantas, deve renunciar ao governo do Estado, mais próximo da eleição de 2026, para ser candidato, no mínimo a deputado federal. Se o governo Lula tiver bem e o governo de Dantas também, acho que ele pode ser candidato ao Senado, com a máquina do Estado, deixando o vice Ronaldo Lessa no Executivo. JHC, se garantir a reeleição, é o melhor nome da oposição para o governo estadual.
Fonte – Extra