O cenário pós-eleições de 2022 foi de total isolamento para o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas. A derrota foi em dose dupla. No primeiro turno, JHC (PL) não conseguiu eleger o irmão, João Antônio, como deputado federal. Nem mesmo a mudança de nome do candidato para “Dr. JHC” resolveu o problema. JHC também não conseguiu eleger nenhum aliado para a Assembleia Legislativa de Alagoas.
Mas respirou com a passagem para o segundo turno de Rodrigo Cunha (Pode) e Jair Bolsonaro. A mudança para o PL, logo depois do primeiro turno, e a adesão ao bolsonarismo foi um movimento que levou ao “esquecimento” dos resultados negativos do primeiro turno.
A estratégia era boa. Se Rodrigo fosse eleito para o governo e Bolsonaro reeleito para a presidência, JHC ganharia força, muita força. E de quebra ainda conseguiria garantir quatro anos de mandato no Senado para a mãe dele, Eudócia Caldas, primeira suplente de Cunha.
Com a derrota de Cunha e Bolsonaro no segundo turno, JHC viu-se isolado politicamente. Para ele, restava buscar uma nova aliança para dar sustentação ao seu mandato. E encontrou o que esperava no pacto firmado com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
Lira deu ao prefeito uma base completa de sustentação, com quatro deputados federais, seis deputados estaduais e acesso garantido a recursos do governo federal.
O compromisso de JHC, além de abrir espaços para a indicação dos secretários de Educação, Saúde, Ação Social e Relações Federativas, era garantir a indicação do vice na sua chapa para Arthur Lira. Esse seria um movimento em direção ao momento em que o presidente da Câmara dos Deputados pode disputar o Senado e o projeto era ter JHC como candidato a governador.
O problema é que JHC tem resistido em cumprir o acordo. O projeto dele teria mudado. E ao que parece, ele tenta convencer Arthur Lira a aceitar a indicação de Rodrigo Cunha como candidato a vice.
No seu blog no Cada Minuto, o jornalista Ricardo Mota revela trecho de uma suposta conversa entre Arthur Lira e JHC esta semana, em Brasília.
“Ao argumentar sobre a possibilidade de escolher Rodrigo Cunha para ser seu vice, JHC mandou:
- Se seu pai fosse o suplente de senador, o que você faria?
Lira disse que queria o cumprimento do acordo feito no ano passado.”, registrou o jornalista.
JHC enfrentará nos próximos dias uma difícil decisão. Aparentemente, ele tenta ganhar tempo, empurrando a decisão sobre o nome do vice até a convenção. Mas tudo indica que ele deve optar por Cunha. Nesse caso, o plano seria abrir vaga para sua mãe assumir o Senado por dois anos, com a possibilidade de Rodrigo assumir a prefeitura e ele, JHC, disputar uma vaga de senador em 2026.
Resta saber se Lira aceitará. Quem o conhece sabe que ele vai cobrar a fatura. Sem meio termo. E sem a aliança com o presidente da Câmara dos Deputados, o prefeito de Maceió corre o risco de voltar ao mesmo isolamento pós-eleições de 2022: ficar sem acesso ao governo federal, governo estadual, sem nenhuma voz na Assembleia Legislativa ou na bancada federal – exceto Cunha ou Eudócia.
Um experiente analista disse, esta semana, que não acreditava que JHC teria coragem de romper com Arthur Lira. E você, o que acha?
Fonte – Jornal de Alagoas